domingo, 17 de junho de 2012

Amigos!


Confesso que ando meio nostálgica, desde o inicio do ano quando entrei no período mais difícil da minha vida e fui praticamente encaminhada à força para aprendizados dos quais só havia “ouvido” falar, digo isso literalmente, pois, sendo psicóloga, escuto dores da alma em seus mais variados níveis.

É inegável a ajuda terapêutica para superar um luto, já escrevi sobre terapia alguns posts atrás, e viver um luto é tão doloroso, dói tanto, que a única descrição que consigo pensar  agora é a de que somos cortados a sangue frio  para arrancar nosso coração. Terapia neste momento é o analgésico para ser usado no pós-operatório.

Continuando nesta linha de pensamento, entendi que apesar de todo o benefício do tratamento, algumas tarefas só podem ser cumpridas pelos amigos, só por eles e por ninguém mais.

Conto nos dedos de uma única mão as amigas que tenho, e irão sobrar dedos, falo de pessoas que estão comigo, como testemunhas da minha existência há mais de vinte anos e com elas sou exatamente o que sei ser e o que gosto de ser, não tem postura profissional, não tem máscara social nem preciso ficar à margem para expor qualquer opinião a respeito de nada, sou o que sou e é recíproco o sentimento delas com relação a mim também, elas foram o colo, a mão, o alimento, e as lágrimas compartilhadas quando vivi o dia mais triste da minha vida. Estavam lá comigo, estavam lá por mim.

Amizades precisam de tempo, elas amadurecem junto com você, não dá para ter “um melhor amigo” em um mês, é preciso haver situações pontuais na sua vida, coisas importantes boas ou ruins, elas servem como peneiras, funis e portas de ferro, o amigo dará um jeito de passar por todas, ele chegará junto com você, ou talvez até antes, a tempo de dizer: “Não vá por aí!” ou “Fique calmo, estou com você!”

Só ele tem o direito de apontar o dedo, de dar uma “prensa” ou dizer que está errado, ele vai achar um jeito de fazer isso, por que te conhece e sabe exatamente por onde ir e como deve ir para chegar até você do jeito certo, nossos amigos de verdade tem nosso mapa na palma da mão e dentro do coração!



Amigos compartilham você, com tudo o que você é, é o ser que te escolhe, que te ama apesar do mau humor, apesar da carteira vazia, te agüenta resmungando e ainda encontra razões para te amar. Te acorda para a prova, vai junto na consulta difícil e liga para saber se tomou o remédio, é capaz de dizer que esta roupa ou corte de cabelos não ficam bem em você, sabe exatamente qual presente você quer de aniversário e escreve o cartão mais lindo do mundo dizendo o quanto gosta de você, divide o melhor perfume e quando viaja te traz aquela lembrança que tem tudo a ver com esta amizade.

Por outro lado, é verdade quando dizemos que é na hora da dificuldade que realmente conhecemos os amigos, meu coração doeu demais quando percebi esta realidade, tanta gente sumiu de mim, esperei em vão, como criança esquecida na escola, que alguns deles viessem me buscar do abandono que senti. Não vieram, e fiquei ali na calçada da vida tentando entender o por que do esquecimento. Ok, já superei isso. To bem!

Essas ausências abriram espaço para pessoas lindas que estou conhecendo, com uma história de amizade tão rica que me inspirou a escrever sobre este sentimento que preenche nosso céu de luz quando estamos no escuro.

Conheci estas pessoas através de uma amizade recente que iluminou meu coração na presença, no afeto e atenção dispensados nestes últimos meses, minha gratidão, amor e admiração crescem a cada dia, obrigada amiga, por ser você tão linda, e por trazer este raio de sol que me aquece e ilumina!

Dois meninos se conheceram na escola primária, provavelmente na pergunta de algum deles de: “Você quer brincar comigo?” A amizade cresceu com eles, com o mesmo numero de aniversários e experiências, irmãos de vida, reconhecidos na infância, e aproximados pelo destino. O tempo, as escolhas e a própria vida foi trazendo outros companheiros de jornada, eles viveram a adolescência, namoros, formaturas, casamentos juntos, um casou na sexta o outro casou no sábado, para que um pudesse compartilhar da felicidade do outro.

Esta amizade, foi recebendo reforços de igual quilate em peso e medida, sabe aquelas pessoas que aparecem na vida da gente apenas para cumprir alguma coisa e depois vai embora? Então, este foi o caso, alguém namorou uma menina que apresentou algumas pessoas, o namoro não deu certo, mas as amizades sim e eles nunca mais se separaram.

São a família escolhida, são os irmãos de vida, vale dar bronca, sermão, e abraço, vale dizer “te amo” e na hora da dor, vale não dizer nada. Vale chorar de felicidade ou de tristeza, vale estar ao junto no nascimento do primeiro filho, vale dar a noticia difícil por que só você poderia fazer aquilo, vale dar de presente uma viagem sonhada só para ver o sorriso no rosto que há pouco tempo chorava por causa de uma perda difícil, vale o compromisso de toda sexta feira para jantar, por que família que se ama, come junto.

A foto que ilustra este post mostra dois amigos lindos, o da direita é meu afilhado, filho de uma amiga que é um dos dedos da mão que falei acima, ela e meus outros dedinhos saberão que estão aqui quando lerem, pois, cada uma delas foi protagonista dos exemplos que citei e esta é minha singela homenagem para estas irmãs de vida. Amo vocês!

Quanto à história que contei depois, bem... O que posso dizer?

Talvez repetir o que crianças fazem quando percebem que no grupo de lá tem mais aventuras e brincadeiras do que no grupo de cá, elas param, ficam olhando, tomam coragem e perguntam: “Posso brincar aqui com vocês?”

Vai que dá certo e a brincadeira fica melhor ainda não é? Não custa tentar, afinal, ter amigos é bom demais!

Abraço carinhoso,

Cris.

domingo, 10 de junho de 2012

O Outro lado do espelho...

Este post nasceu originalmente como um comentário da Rosemay  que foi evoluindo, evoluindo e alcançou o céu... Olha que lindo este outro lado!

Beijo carinhoso.

Cris.

                                    Imagem do google

Ao ler o que você escreveu Cris, tive vontade também de escrever sobre o outro lado da relação terapêutica... Num desejo único de dizer às pessoas o quanto é gratificante estar em processo... Estar em movimento!!!

Enquanto lia, me enchia os olhos sentir e vivenciar cada uma das suas palavras. Por que fazer terapia é sim, lidar com dores emocionais, mas é também um grande meio de crescimento!

Fazer terapia exige muito... Exige coragem... Exige humildade... Exige vontade acima de tudo. Ouvir verdades não é tarefa fácil, mas é um aprendizado único!
Há um ano e meio eu vivia a fase mais dolorosa de toda minha vida, não havia em mim mais nenhuma força, nem asas, nem mesmo uma corda em que eu pudesse me agarrar para voltar à tona. Tudo era escuridão e dor. 

Mas a vida é tão perfeitamente organizada por Deus, que num dia muito chuvoso Ele me fez ir a um endereço, com objetivo de fazer uma consulta. Na saída, enquanto esperava o elevador, me deparei com uma porta que chamou minha atenção imediatamente. Eu precisava de ajuda, era só o que eu sabia que precisava de ajuda!

Sem dúvida alguma fui guiada pelo meu anjo da guarda, que insistentemente me mostrava que ali, naquela porta estava o caminho de cura... E eu fui!
Encontrei naquele dia tão especial uma pessoa linda, afetiva, de olhos verdadeiros e que com uma firmeza impressionante me dizia que era possível sim, eu podia acreditar novamente!!!  E eu acreditei! Foi o maior acerto de toda minha vida! Abençoado acerto!

A partir deste dia comecei a entender o que é fazer terapia e acreditem isso não é coisa pra loucos... É sim, o maior presente que alguém pode dar a si mesmo, afinal, quem não gosta de  evoluir , de aprender , de ver a vida com  olhar amoroso ?

 A terapia leva ao autoconhecimento... Não existe julgamento como diz o texto, nem críticas, terapeuta não é juiz!

Ao tratar das dores emocionais, a terapia bem conduzida (isso é absolutamente importante) faz com que algo fantástico aconteça:
Nos  apropriamos da nossa “chave da vida”...passamos a ser protagonistas, abrimos e fechamos qualquer porta que desejarmos!  Não existe na vida nada mais saboroso que isso!!! Descobrimos o poder das nossas asas!

Muitas vezes, e em grande parte da terapia vivemos momentos cruciais , onde olhar para nossas próprias dores e comportamentos não é tarefa fácil . Talvez também por isso muita gente desiste...fazer  terapia dói sim...dói muito em vários momentos. A gente mexe em feridas da alma e até que elas sequem a dor é inevitável, faz parte. Mas assim é também com nossas dores físicas, para curar qualquer machucado é necessário seguir o tratamento, com esforço e disciplina.

Mas os resultados são simplesmente fantásticos! Pense que você pode vir a fazer coisas que jamais se imaginou fazendo, se imagine com o poder para decidir sobre o que quer e o que não quer mais para você, sinceramente, ser livre e provar dessa sensação é como estar em pleno voo mesmo!

Quem faz terapia é, antes de tudo uma pessoa que acredita em si mesma, que entende que a vida pode ser bem melhor do que nossas vivências nos levaram a acreditar e que qualquer dor pode ser transformada em crescimento e aprendizado!

Hoje sinto uma felicidade imensa por ter enfrentado tudo para pegar a minha vida nas mãos!!! É possível perceber que nem mesmo o choro de dor é igual  e a tristeza dura apenas o tempo necessário pra aprender uma nova lição.

A vida da gente jamais vai ser perfeita... Os obstáculos e dores vão continuar existindo, o que muda totalmente é nossa visão sobre tudo, vamos adquirindo ferramentas necessárias para lidar com os problemas e aprendendo a viver com mais leveza, com mais alegria, com mais harmonia... Com mais amor!

Adorei  esse texto Cris...e foi inevitável a vontade de dizer o quanto de verdade existe em cada uma das suas palavras.

Penso sempre na infinidade de mergulhos que você precisa fazer ao desconhecido para trazer pessoas à luz do dia novamente. Sua profissão é admirável!

E é uma grande verdade que o bom psicólogo é aquele que sabe fazer as melhores perguntas! Não acredite que você receberá as respostas assim... Prontinhas, como num passe de mágica! Isso não existe! Nem sempre é fácil como eu já disse, mas em compensação , quando você descobre...ai...quando você começa a descobrir o seu poder , nossa! Daí sai pulando pelo consultório, fica rodopiando e rindo feito criança e dando abraços de balançar! la..la...la..Melhor coisa do mundo!!!!!!

 E sabe o que é mais lindo? Esse processo nunca mais acaba... Nasce um afeto tão único, um grande amor que passa a viver dentro da gente, para sempre.

Rosemay Waldrigues de Almeida

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Psicoterapia, o que é?

O que é? Como acontece? Será que ajuda mesmo?  Estas perguntas escuto sempre! Outros comentários também são comuns do tipo:” Terapia? Não estou louco!” Ou então: “Não conto minhas coisas para ninguém!”. Ou ainda: ”Não acredito nessas coisas”.

Sempre respondo: Ok! Apenas isso.

Não há o que dizer para a pessoa que não quer saber, concorda? No entanto, o simples fato de negar tão veementemente este contexto, para nós psicólogos já é um pedido de ajuda, temos esta mania, desculpe, mas pense! Um dentista vai analisar o sorriso das pessoas, um neuro vai te perguntar algo se você comentar que esta com dor de cabeça, um advogado vai querer saber mais se você comentar sobre algum processo seu, é assim que funciona.

Não vou tentar definir psicologia, você encontrará várias definições colocando em qualquer site de busca na internet, vou apenas tentar colocar aqui o que a psicoterapia pode ser para você utilizando a minha forma de ser psicóloga.

Há evidentemente regras e uma série de componentes éticos que devemos obedecer, portanto, que fique claro, não há como ser psicólogo sem obedecê-las, elas existem por razões óbvias, mas fundamentalmente para proteger ao profissional e ao seu paciente, caso o profissional não as siga estas regras, ele será apenas alguém que você paga para desabafar seus conflitos e o pior, sem beneficio nenhum!

O terapeuta será alguém que deverá ter um ótimo senso de questionamento, gosto de achar que o bom terapeuta é o que faz as perguntas certas.  Faz parte, ele quer conhecer você, apenas isso, conhecer sua história, saber o que pensa e como pensa, quer saber de que forma você entende algumas coisas e a partir disso, se necessário utilizar recursos técnicos para auxiliar você a encontrar um novo caminho, um novo olhar para a situação que gera o conflito, o trauma, o luto, a dor etc.

Não produzimos conceitos nem dizemos se algo é certo ou errado, e não deverá haver frases do tipo:” Você deve fazer isso ou aquilo!”. Não é este o papel do terapeuta, não damos respostas, nem fazemos as suas escolhas, ISTO É SEU! Escolher é o seu papel, o nosso papel é te ouvir, e sabemos que o próprio ato de falar algo que incomoda já é terapêutico, produz alívio, leveza.

Por experiência pessoal, sei que muitas vezes uma situação é gigante dentro de nós, e quando falamos, ela torna-se menor, simplesmente por que o espaço que agora ela habita no lado de fora é muito maior, e assim ao colocarmos em outra perspectiva tudo muda de figura. Fato!
Conheço pessoas que dizem: Não preciso de terapia, eu mesmo me analiso.

Desculpa, mas isso não existe, a pessoa pode, claro, fazer exames de consciência, repensar conceitos, administrar seus conflitos, claro que pode, aliás, deve! Mas pense, se você está realmente disposto a ser eficiente em suas mudanças, não seria melhor uma ajuda profissional para administrar tudo isso de forma conclusiva e segura?

Utilizando um exemplo bem comum: O que fazemos quando precisamos melhorar o desempenho do computador? Podemos utilizar alguns recursos que conhecemos e até funciona, mas quando chamamos um profissional da área ele faz tudo de forma mais rápida e eficiente, melhora o desempenho da máquina, limpando o que não é mais utilizado, abrindo espaço na memória, aumentando a velocidade, ele faz tudo isso mais rápido do que nós, não é mesmo? Claro! Ele estudou, e faz isso o tempo todo tem mais prática e é capaz de perceber algo que foge ao nosso conhecimento. A grosso modo isso também acontece no processo terapêutico quando feito por um profissional da área.

O psicólogo não julga, não produzimos opinião sobre o que você faz ou fez nem dizemos se é certo ou errado, o que importa para nós é como você sente isso e como você reage a esta situação, que emoção surge neste contexto, e desta forma, buscamos juntos outro olhar para buscar o seu conforto emocional.

Este, no final das contas  é o motivo principal pela busca de terapia, sentir-se confortável dentro de si, com suas escolhas, sejam elas quais forem, mas que tragam paz.

Sofrimento emocional faz parte da vida, o que não precisa fazer é a dificuldade de demonstrar, de dizer o que sente, de criar asas para uma liberdade almejada, e por fim, de estar feliz e satisfeito com o que você simplesmente é.

Abraço carinhoso

Cris