sexta-feira, 26 de novembro de 2010

12 - A festa - Parte II

Assim que terminamos de jantar, subimos com o Abdul que escolheu a mesa bem na frente do pequeno palco. Ele nos apresenta seu amigo, que também é guia e depois traduz o comentário que fez sobre nós.
Disse que éramos duas brasileiras muito queridas, e usou o termo “Habbib”, que é uma palavra usada entre as pessoas para dizer que estas são especiais, importantes, queridas. Usa-se entre casais, amigos, pais e filhos e traduz sempre uma linguagem de afeto sincero.

Aos poucos as pessoas vão terminando de jantar e começam a subir para o Lounge.
 A música está super animada! O ritmo árabe é encantador e contagiante!
Dá vontade de sair levantando as mãos, sacudindo e “fazendo a louca”!
Na verdade meu sangue ferve com este ritmo. Acho que vou trocar o Tango pela dança árabe.

Neste momento a Priscila comenta que faz aulas de dança do ventre aqui no Brasil, imediatamente o olhar de Abdul se ilumina. Ele fica muito feliz em saber que por aqui temos estas aulas, e pede para ela dançar. Até ofereceu um valor de cachê por uma hora de apresentação.

- Claro que não!  Ela diz.  Nem pensar!
Ficamos rindo um pouco da expressão de olhos arregalados que ela fez.

Os lugares vão sendo ocupados, temos as atenções entretidas nos vestuários, e na grande criatividade das pessoas em improvisar!

Vimos uma mulher que na ausência de cinto, colocou a tira da bolsa na cintura! Amarrou, fez um nó para o lado, e lá foi ela bem feliz pra festa! Detalhe: As túnicas não precisam de cinto.

Outra pegou a saia de moedas para amarrar no quadril, e colocou na cabeça como um turbante!

Uma vovó, com idade entre os 75 e 80 colocou um sutiã e saia bordados, aqueles que as dançarinas usam para apresentações e também estava lá. Muito satisfeita com suas pelanquinhas!

Mas a melhor de todas mesmo, era a nossa amiga da piscina que vestia uma túnica verde limão com uma grande pirâmide estampada na frente e uma sandalinha do tipo Rider!

Como sempre, muito animada, foi para o centro do palco e começou a dançar e a chamar as pessoas, super empolgada!
Dançou bastante! Segurava no mastro e fazia movimentos sensuais. Não tem como negar, esta pessoa é feliz! E muito bem resolvida! Ou é “sem noção”, ainda não sei. Mas sinceramente, seja lá o que for ela se diverte.

Todo mundo começou a rir, e a bater palmas, mas ninguém dividiu o palco com ela, aquele era seu momento estrela!
Acho que agora sim ela tinha conseguido atenção! O momento “piscina” ficou no passado.
Novamente ela faz sinal para alguém! Mas quem?
Ainda tenho dúvidas se realmente a gente é que não via ou se era apenas uma estratégia para ela ficar mais segura, de qualquer forma, ela faz o que quer, e isso é admirável!
A música termina e ela vai sentar rindo muito e agradecendo os aplausos. Ainda bem que a música estava alta, por que nós rimos tanto que quase desloquei o maxilar, aliás, dar gargalhadas é muito bom! Desta vez todos riram também!

O amigo do Abdul é o mestre de cerimônias da festa, assim que todos estão presentes começa a chamar para dançar, nosso guia levanta e nos chama para o palco temos que abrir as danças, não se pôde dizer que não! A Pri bem que tentou, mas...

Então lá vamos nós quatro para o meio da pista para começar a festa. Até que deu certo, o povo foi se animando e começou a dançar , quando a música terminou estavam todos alegres e dançando bem animadinhos, todos os guias, tiozinhos, tiazinhas e nós.

O mestre começa então a falar em inglês e pede a presença de quatro homens na pista, vai acontecer uma brincadeira. Eles vão chegando e então começa a explicação.

A brincadeira é o seguinte: Eles terão um cordão, uma ponta vai amarrada à cintura e na outra ponta uma batata embrulhada num papel alumínio, de forma que ela fica pendurada e balançando como um “rabo” entre as pernas que ficam abertas para os lados.
No chão há outra batata que deverá ser “empurrada” com a batata que esta amarrada na cintura, até um pires que está no outro lado da pista.
É preciso fazer movimentos com a cintura e com o quadril para frente e para trás, para dar embalo na batata amarrada, bem como administrar a direção que ela vem para esta empurrar a que está no chão.
Não pode usar as mãos nem os pés.
Quem conseguir primeiro levar a batata até o pires, será o vencedor.

Esta cena nem vou tentar descrever, assiste!... Não há como explicar!




 As gargalhadas que se ouvem são minha e da Pri, teve um tiozinho que simplesmente não conseguiu sair do lugar, não empurrou a batata nenhuma vez! Olhe para ele, é o último da direita, ele ficou tentando sem sair do lugar coitado!
O vencedor foi aquele que puxou a batata do cara de verde.
Ele foi que foi empurrando a batatinha dele e no final no último passo conseguiu ganhar!
Muito boa esta idéia de jogo, adorei!

A brincadeira seguinte também foi divertida, era assim: Fomos todos para o centro do palco, deveríamos formar grupos quando a música parasse.
Então a música começava e quando ela parava o mestre dizia um numero, este número era o indicativo de pessoas em cada grupo. Quem não conseguisse entrar em algum grupo deveria sair.

Foi muito bom! Integrou todo mundo, era um puxa pra cá, empurra pra lá, todo mundo dando risadas e tentando se encaixar nos grupos. Foi muito divertido mesmo!
Eu saí na terceira rodada, a Pri ficou até a quinta e depois ficamos do lado de fora gargalhando junto com o Abdul assistindo de camarote a bagunça do pessoal.
O interessante é que vi pessoas que não havia reparado nos dias anteriores, tinha uma menina muito bonitinha, de uns 12 anos que brincava com todo mundo.

Neste grupo encontrei a minha versão em vermelho! Outra loira com uma touca de penduricos estava lá. Nunca tinha prestado a atenção nela, bem como em outras pessoas, pena que era o penúltimo dia.

Em seguida teve um sorteio de brindes. Até nos ofereceram para comprar, mas os brindes eram tão tristinhos que preferimos apenas assistir.
Entre outras coisas, tinha uma pirâmide de acrílico colorida por dentro, uma touca com penduricos exatamente como a minha, eu não sabia o que fazer com esta! Imagina se ganho a outra! Eu pelo menos estava usando, mas e se a Priscila ganha este prêmio?
Melhor não!

Na próxima brincadeira o Abdul pede que eu participe, tentei dizer que não, ele insistiu, a Priscila também e acabei concordando. Estava sem moral para bancar esta nova desfeita.

A brincadeira era o seguinte: Subiam no palco nove mulheres sem sapatos, ficamos em roda. No centro desta roda o mestre colocou oito colheres pequenas, de cafezinho.
A música começa a tocar e quando ela parar cada uma deve pegar uma colher, a que não conseguir pegar nenhuma colher sai da roda.

Muito bem entendi tudo! A música começou, tínhamos que andar em círculos dançando, e mantendo a roda aberta, não podia chegar perto das colheres nem fechar a roda.

Demos duas voltas e de repente a música parou!
Mirei uma colher e fui! Classifiquei para a segunda rodada.
A música foi parando e eu me jogando como uma louca contida numa colher qualquer. Agora quero ganhar este jogo, é uma questão de honra!

A música toca e recomeçamos a roda, uma por uma vai saindo, e eu lá!
 Olho para o sofá e estão a Priscila e o Abdul rindo e torcendo. Escuto de vez em quando um:
- Vai Cris!
Isso me anima!
Estou com toda a minha atenção concentrada na música e na distancia que estou das colheres.  Minha testa está coçando por causa das medalhas e do suor. Não posso rir nem me coçar! A vontade é imensa, mas se eu fizer isso vou desconcentrar. Escuto o Abdul falando.
- Yala Cris! (vamos!)

Aaaah! Preciso ganhar!

E a música vai tocando e eu lá rodando, dançando e pensando na colher, to ficando tonta, mas minha vida moral desta noite depende desta colher!
Já saíram sete! Estou na final!

E agora a surpresa! O mestre coloca uma venda nos olhos, e avisa que não devemos nos chocar, pede para termos cuidado, então ele para a música, pede silencio e começa a jogar a colher em vários lugares, eu e a outra finalista de olhos vendados, ficamos engatinhando e tateando o chão à procura da bendita colher!

È possível ouvir as pessoas rindo e batendo palmas, algumas torcem para mim e outras para minha concorrente.

A colher parece que tem pernas, escuto um barulho hora à esquerda e hora à direita, o mestre brinca um pouco com nossos sentidos jogando rapidamente para todos os lados.
E eu lá, engatinhando e passando a mão naquele chão! Enquanto isso tento ficar atenta ao barulho da queda, e quando chego perto da colher ele tira e joga em outro lugar.

Ele joga a colher pela última vez, meu ouvido avisa que está à esquerda, começo a engatinhar pelo chão abrindo e fechando os braços como se estivesse nadando, neste momento escuto uma gargalhada geral! Deve ter ficado muito engraçado mesmo, imagina alguém fazendo estilo borboleta no chão! Era eu!

Preciso pegar esta COLHER! Percebo que minha concorrente está perto por que esbarrei nela.

Ah não!  Sai daí!  Esta colher é MINHA!

Intensifico a procura com mais rapidez nas braçadas, resolvo usar também as pernas.
A situação é extrema!
Esbarro novamente na concorrente e será uma questão de segundos ela ou eu encontrar a colher. Ouço várias pessoas falando, há torcida em português, inglês, árabe, alemão e mais outras tantas que não identifiquei , percebo que a medida que vamos nos movimentando a torcida aumenta. Só não sei para quem!
Minha mão esquerda arrasta a colher!  Dei mais um impulso e segurei forte!

GANHEEEEI!  Uhuuuuu! Ganhei...!

Digamos que depois deste jogo daria para jantar no chão, por que ele ficou bem limpinho!
Tirei a venda e percebi que a mulher que estava comigo também estava muito perto de pegar, creio que a final deve ter sido bem interessante, por que estávamos quase juntas uma da outra.  Todo mundo riu, mas meu nado borboleta deu certo!
Minha concorrente aparece no filme de blusa e lenço branco.



Pena que a Pri não filmou as minhas atiradas ao chão nem a final do jogo, mas dá para ter uma idéia do que foi.

Que Bom! O Abdul batia palmas e dava muita risada, a Pri estava se torcendo de rir também! Lavei a alma!
Ao voltar para a mesa, dediquei a vitória para o Abdul, afinal agora todo mundo já sabia quem eram as pessoas que ele estava guiando, exatamente como ele queria no inicio da noite. Acho que conseguimos nos redimir finalmente!

                                                               Semi-final

                                                                              Final

                                                                        Ganhei!

A outra parte da festa também foi ótima, o fotógrafo que estava presente chamava os grupos para fazerem fotos.
Minha Nossa Senhora da fotografia Engraçada! O que esse povo fez de bagunça para estas fotos, foi demais!
Como estávamos bem na frente do palco, víamos tudo o que acontecia, um beliscava o outro quando a foto ia ser batida, ou alguém se atravessava bem na frente atrapalhando a foto, outra hora faziam poses como se fossem faraós e as esposas aos pés, muito bom mesmo!
Que noite bacana! Divertida engraçada, muito leve, gostosa até de lembrar!

Ficamos mais um pouco, rindo e conversando, e depois fomos para a cabine.

Troquei de roupa, e quando fui tirar a maquiagem tive que rir de novo, o maravilhoso Kohl estava no queixo! Parecíamos dois ursos Panda!
Pensamos que talvez não fosse a marca certa, ou ele deve ser usado apenas na parte de cima do olho, não sei! Vamos experimentar de novo em outra hora, por que agora vamos usar bastante demaquilante para tirar este!

A Pri coloca pijama, e eu outra roupa para fazer a massagem!

Nem sei como descrever o que foi!
 Ótima é a palavra! E exatamente como imaginei!
Chegando lá, ela deixou a luz bem fraquinha, colocou uma música relaxante, e começou a massagem pelos pés.

A cortina estava aberta e então era possível ver algumas luzes às margens do rio de vez em quando que iam sumindo para logo em seguida vir outra.
 O perfume do creme de massagens era maravilhoso, e realmente a menina era muito boa, pois a cada movimento parecia que ela tirava toneladas de mim, precisei ter cuidado para não babar! Juro!

Agradeci a mim mesma por haver me presenteado com isso. Estou tão acostumada a cuidar dos meus pacientes que tinha esquecido como é bom ser cuidada também!
E enquanto ela ia trabalhando fiquei fazendo reflexões a respeito.

Assim na quietude, me entreguei ao relaxamento de todos os músculos, um a um sendo massageados, ouvindo uma musica bem suave e por vezes a minha própria respiração. Percebia ás vezes ela movimentando a toalha para recomeçar em outro lugar e vez por outra despertava com um puxão mais forte para logo em seguida relaxar novamente.

Ao final, ela pergunta em inglês como eu estava e se eu tinha gostado, respondi que estava bem e que tinha adorado.  Conversamos mais um pouco e não tenho certeza, mas acho que ela pensou que eu e a Pri éramos um casal!
Tentei no meu inglês capenga dizer que éramos amigas, que eu era casada e tinha um filho de 19 anos. Não sei se convenceu, ela simplesmente deu de ombros e disse: OK.

Fui para a cabine rindo, mas depois pensando bem, fiquei imaginando se era isso que as pessoas estavam achando também!

Bati à porta para entrar.
Bati novamente e assim eu fiz quatro vezes chamando a Priscila.

Que nada! Ela estava hibernando profundamente, precisei chamar o camareiro para abrir a porta com a chave reserva.

Só despertou quando eu entrei.  Levantou a cabeça com um olho aberto e o outro fechado e perguntou:

-E daí? A massagem foi boa?

Respondi:

-Sim, maravilhosa, lembra amanhã que preciso te contar uma coisa.

Ela disse:

- Eu também tenho que te contar uma coisa, é bem importante, mas te falo amanhã. Boa noite!


- Boa noite Pri.

4 comentários:

Unknown disse...

Caraca tá doendo em mim agora ... kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk Cris vc riu dos coitadinhos kkkkkkkkkkk bjs

Cris disse...

Ronaldo depois do nervoso que passamos por causa da roupa, curtir a festa foi a melhor parte!!bom demais!! Bjão

Anônimo disse...

Tia...vcs estavam lindas!!! Deviam usar mais vezes essa roupitcha haha... :P
bjinhos

Karina disse...

Nossaaaa que chique.. além de tudo é uma ótima dançarina Cris!!! Adoreei :)