terça-feira, 23 de novembro de 2010

6 - Uma noite no Cairo

A noite foi maravilhosa! Dormir, descançar após uma viagem tão longa é como renascer!
 Acordamos com o despertador do meu celular, ainda bem que fui precavida, pois, o telefone não tocou como havia sido combinado à noite com a pessoa da portaria.

Despertei, e imediatamente percebi que à noite havia funcionado no automático, pois não lembrava quase nada, nem de ter acertado a hora de despertar no celular.
Meu ultimo pensamento antes de capotar foi o de como era ótimo tomar banho e de que como aquela cama me parecia confortável! No último segundo de lucidez, o quanto precisava dor...

O sono foi profundo e restaurador.

Decidimos sair do quarto já com as malas, a fim de poder tomar o café com mais calma. Arrumamos tudo e saímos para o corredor à esquerda para ir até o saguão, fomos até o final e deparamos com a escada.
Não era lá. Certo, demos a volta e fomos até o outro lado onde havia uma bifurcação, decidimos para um lado que não lembro qual, mas que também não era o caminho para café. Retornamos e tentamos o outro caminho da bifurcação, esta tinha uma porta que saía na piscina do hotel. Pelo menos tinha uma porta! Era uma saída.

Estamos rindo pra valer eu e a Pri, apesar de descançadas, ficar caminhando com as malas e a mochila blaster não estava no “paquete” como diz o Aurio.
Voltamos então para o nosso quarto a fim de tentar refazer o caminho que fizemos à noite. Foi em vão! Nenhuma de nós duas lembrava onde exatamente tinha que dobrar, a única lembrança que tínhamos era a de que, não havíamos caminhado muito, mas até aí...

Ok, numa situação destas o melhor é rir mesmo! Decidimos passar pela porta de acesso à piscina, e então, junto aos banhistas com cara de relaxados tomando banho de sol e dentro d’água, passamos nós carregadas de bagagem e com o ar mais natural do mundo.
Fazemos toda a volta, com as malas pulando e sacudindo entre as pedras irregulares até encontrar a porta que finalmente nos levará ao café. Não quero nem imaginar o que eles pensaram de nós duas naquela situação.

Somente agora percebo como o hotel é bonito, há duas lojinhas bem simpáticas, e uma réplica da esfinge perto da portaria, há também uma escadaria que desce para uma boate.
Tudo pronto para sair e avistamos nosso guia entrando para nos acompanhar até o aeroporto, por mais que eu tente, não consigo lembrar o nome que ele falou ontem.
Ele é jovem, por volta dos 30 anos, nem alto nem baixo, tem um “ar” de ansioso, por que fala rápido e sem parar, após falar  um “Buenos dias” já emendou com um “Yalabina!” (Vamos! Em árabe)
Saímos à rua e o dia está ensolarado com uma brisa agradável, percebemos o quanto estamos perto das pirâmides, é possível avistá-las majestosas e incrivelmente lindas, é realmente uma visão maravilhosa!

Dentro da van nos acomodamos e adivinha, o guia continua com a mesma empolgação, bom humor ou sei lá o que, da noite anterior. Gostaria de saber o que será que ele come ou bebe que o deixa assim tão ligado?

Ele começa novamente a falar em espanhol pedindo nosso programa de viagens, onde estão nossos vôos e e-tickets.
Quase ao mesmo tempo sem ponto nem vírgula, pergunta se queremos assistir na volta a um show de som e imagem que é apresentado nas pirâmides contanto a história do Egito e das suas construções.
Diz que seria ótimo que fôssemos por que, depois deste dia estará fechado para uma apresentação do Plácido Domingos. Perguntei o preço e se não estivéssemos sentadas certamente sentaríamos.
Era caro... Mas bem caro! Quase o valor que tínhamos trocado na noite anterior, olhei para a Pri e entre caretas e sinais resolvemos que não. Dei a resposta a ele.
Acho que isto o deixou mais ansioso, fez uma expressão do tipo: Como que não?

 Argumentou falando que seria uma pena, pois, muitas pessoas vinham de longe apenas para apreciar este show, que foi projetado para impressionar, havia laser, som e imagens da Esfinge antes de ser destruída e blá... blá...blá...!
 Acabamos por concordar e demos o dinheiro. Não sei bem o que nos convenceu, se foram os argumentos ou se para que ele parasse de falar, o que já estava nos deixando irritadas novamente.

O pouco que pude observar da cidade do Cairo naquele ponto onde estávamos traduzia uma cidade de poucas cores, prédios parcialmente destruídos, outros abandonados. Parecia ser um bairro de poucos moradores. Talvez fosse um típico centro industrial antigo.

Estamos distraídas olhando pelas janelas, e a Pri comenta, quase gritando, como a cidade é sem cor.
 O tom de voz precisa ser alto, por que o motorista e o guia, estão engrenados numa conversa em árabe, bem desagradável pelo barulho que fazem.  Atrás de mim está sentado o Jorge, o mesmo que nos recebeu no aeroporto ontem, ele também conversa e fala alto. Quase não se consegue pensar.
Comentei algo em português com a Pri, e o guia entendeu, Ops! É preciso ter cuidado com o que se fala, por que alem de ansioso, ele também é muito esperto!

O guia então interrompe estes devaneios para novamente falar o seu nome e dar seu numero de celular para o caso de precisarmos. Tivemos que treinar o nome dele por que é difícil de pronunciar, pedi então que escrevesse e nos desse uma forma simplificada de seu nome.

 Chegamos ao local de desembarque e ao sairmos, somos informadas que devemos dar “Propina” ao motorista, é gorjeta em espanhol, nos olhamos estranhando a situação, pois isto já está pago, e bem pago por sinal, vamos pagar novamente? Sim... Vamos, pegamos uns trocados que havia sobrado depois da facada do Haissan (forma simplificada do nome do guia) e demos ao motorista.

Descemos incomodadas, não sei se pelo falatório, pela sensação de que algo não estava certo ou pela ânsia de dinheiro que este guia nos passava. Não sei dizer.

Passamos novamente pelo detector de metais, tirei cinto, relógio, moedas, carteira e passei, apitei a máquina. Voltei, tirei o tênis, e apitou de novo, a mulher passa a maquininha e vê que o que dá sinal é a minha corrente com as medalhas. Tirei a corrente e finalmente sou liberada, mas enquanto isso, uma fila de pessoas com pressa se forma atrás de mim. Fazer o que?
Tudo certo e embarcamos para Aswan.





 


Um comentário:

Anônimo disse...

que língua engraçada :) hahah