quarta-feira, 24 de novembro de 2010

10 - M/Y Mirage - parte II

Nem vou falar do calor de novo... Mas olha o que fizemos ao chegar à cabine!

                                             Não pode rir!

 A vontade era da gente se deitar na água, só não fizemos isso por que não iria dar tempo de tomar banho, almoçar e sair novamente, mas isso ajudou pra caramba!
Se você se esforçar vai ver uma fumacinha subindo e um barulhinho parecido com Tchssssss...

Uma coisa tem que dizer! Tudo, mas absolutamente tudo o que se viu até agora é maravilhoso, o Egito tem sim uma aura de magia! É encantador!
Dá vontade de ficar mais tempo nos lugares, de olhar com mais calma, ficar absorto em pensamentos e tentar ver além das paredes e hieróglifos. É mágico!
Enquanto estávamos almoçando, começamos a navegar.

Estamos indo para a pequena cidade de Edfu, que fica entre Luxor e Aswan, o dia da semana é domingo, estranho ver crianças na rua passando de uniformes escolares e com mochilas. Perguntei ao Abdul por que elas estavam estudando no domingo. Abdul me disse que o dia de descanso para eles é segunda feira.



A cidade é muito pobre, e foi lá onde eu e a Pri, sentimos com mais intensidade a reprovação pelas roupas que estávamos vestindo. Estávamos de camiseta regata e bermudas, mas foi o suficiente para ter olhares fechados sobre nós!

Em Edfu vamos visitar o templo de Hórus, e somos surpreendidas por uma novidade! Para chegar até o templo iremos de charrete.
 Muito legal, não fosse pelo aspecto triste e magro do cavalo que vai nos puxar, deu um dó subir na carroça!


Mas logo em seguida já começamos a rir, por que o condutor ao se apresentar disse que se chamava Rambo e piscou o olho para a Priscila.
Essa foi ótima, comecei a rir pra valer! Primeiro por que o Rambo do Egito estava mais para o ratinho do filme Ratatouille e segundo por que tudo que agente queria naquele momento era um Rambo apaixonado!
Quanto mais eu ria mais a Pri ficava furiosa, meu Deus!

- Para de rir Cris!  Eu não gosto nadinha disso!  Só me faltava esta!
Eu dizia:
- Pri!  Olha que legal!  Você ta abalando geral!  Tem um admirador no Egito! E soltei o riso pra valer! Até ela teve que rir depois.

Isto está acontecendo enquanto estamos subindo na charrete e nos acomodando com as máquinas e filmadora, até colocar tudo no colo de forma segura já estamos em movimento!

Não sei se consigo descrever o nosso percurso na charrete, vou tentar!

Nós e os outros turistas do navio vamos fazer este passeio, então há outras charretes fazendo o mesmo percurso que o nosso, elas estão estacionadas como os táxis, e à medida que vão enchendo outras vão chegando.

De uma hora para outra as ruas de Edfu estão tomadas de charretes, misturadas com os carros e vans que andam com as portas abertas e com pessoas penduradas. Um perigo!
Nossa charrete do Rambo tem uma buzina, daquele tipo corneta de vendedor de picolé bem das antigas e enquanto vai passando vai buzinando.

As ruas não são lá essas coisas, a Priscila disse que tinha buracos, eu estava tão emocionada que não percebi, tem lombadas também, no nosso caso quebra cascos. E nós vamos pulando e sacudindo lá atrás enquanto tentamos parar de rir para tirar algumas fotos e filmar este trajeto inusitado.

                                          As placas tem gerador solar
  
 O Rambo buzina sem parar, evidente que não tem pisca, logo ele entra para a esquerda ou para a direita da forma que ele achar melhor, quem vier atrás que se lasque! Ou que buzine!

Estou sentada atrás do Abdul do lado esquerdo, onde está a divisão da rua, que é uma avenida, por um momento o Rambo quase sobe a calçada, e fico imaginando se o Abdul cai em cima de mim!

 Num calor de 45º fiquei congelada com a idéia!

Rambo ao ouvir uma buzina insistente precisa ir para a direita e um carro que estava atrás de nós passou MUITO perto, quase consegui ver a cor da íris da mulher que estava ao lado do motorista. Junto com o carro ultrapassa também pela esquerda outra charrete e uma moto! Não me pergunte como, mas eles fizeram.

O Rambo resolve então voltar para a esquerda e à nossa direita vem uma charrete tocando o terror no cavalinho coitado, vixe! Agora que foi a provocação! O Rambo resolveu acelerar também e por alguns intermináveis segundos corremos cabeça a cabeça com a outra charrete... Não sei o que dizer deste momento! Foi sublime! Um sentimento de pena dos cavalos e ao mesmo tempo querendo ganhar daquela charrete metida!

Eu e a Pri estamos rindo às gargalhadas! Tentando segurar óculos, máquinas, pulando nos buracos, eu com medo do Abdul cair no meu colo, o Rambo buzinando, os carros cortando e fazendo curvas à nossa frente, mais à frente um quebra-cascos sinalizado, e a velocidade continua acelerada! Cadê o cinto da charrete! SOCORRO!

Perdemos nesta corrida e desta forma como era de se esperar, demos um salto “daqueles” na lombada, meu óculos de sol quase se perdeu para sempre não fosse minha vocação para “polvo”. Agora mais calmo Rambo retoma o passeio mais lento.
Finalmente entramos em uma rua mais calma e então o pobre cavalo pode andar mais devagar.

Acho que este foi o momento mais divertido desta viagem! Teve emoção de verdade nesta corrida. Acho que o Rambo estava querendo mostrar as suas habilidades para a Priscila!

Observe quase no final do filme vai aparecer uma criança correndo atrás da bola no meio da rua! Do outro lado vem uma van em alta velocidade. Quase congelei de novo!


Edfu é famosa por abrigar o templo mais bem preservado do Egito. Dedicado ao deus falcão Hórus, foi construído no século III a.C. durante o período Ptolomaico e levou quase 200 anos para ser finalizado.

Sua boa conservação se deve ao fato de ter sido encoberto pelas areias do deserto, quando a mitologia egípcia havia perdido a sua importância frente ao cristianismo romano. Só foi redescoberto no século XVIII quando arqueólogos franceses encontraram o lugar.

Para lembrar: Hórus era filho de Ísis e Osíris, aquele que foi assassinado pelo irmão Seth e teve o corpo esquartejado jogado no rio Nilo. Ísis encontrou o coração no templo de Philae, o primeiro a ser visitado.

Então, Hórus jurou vingar a morte do pai e retomar o trono.

Segundo a lenda o olho esquerdo de Hórus representava a lua e o olho direito representava o sol. Durante uma luta com Seth, este lhe arrancou o olho esquerdo o qual foi substituído por um amuleto pelo deus Thot, que não lhe dava a visão total, então o deus lhe deu também uma serpente que ficava acima de sua cabeça.

Depois de sua recuperação, Hórus pode organizar novos combates que o levaram a vitória decisiva sobre Seth. Era a união do olho humano com a vista do falcão, animal associado ao deus Hórus. Era usado em vida para afugentar o mau olhado e, após a morte contra o infortúnio do além.

O “Olho de Hórus” e a serpente simbolizavam poder real, tanto que os faraós passaram a maquiar seus olhos como o “Olho de Hórus” com o traço bem puxado nas laterais dos olhos e a usar serpentes esculpidas em suas coroas.
Atualmente o “Olho de Hórus” adquiriu o significado de evitar o mal e espantar a inveja (o mau-olhado), mas continua ainda com a idéia de trazer proteção, vigor e saúde.

 Os egípcios realizavam um festival anual intitulado “Festival Anual da Vitória do Filho”, comemorando o triunfo de Hórus na batalha final contra seu tio Seth, que aconteceu no local onde foi construído o templo.

                                  Entrada do Templo de Hórus


Parte interna do Templo

  Lembra do japonês no deck das piscinas? Olha ele aí!


Interior do Templo, sala das escências


Barca Sagrada, onde as imagens sagradas eram carregadas nos festivais comemorativos

Esta tarde foi encantadora! Maravilhosa, cheia de histórias, lendas, contos e aventura perfeita mesmo!

Preciso falar que ao entrar no templo, Abdul foi cumprimentado por alguns policiais e gerente do templo. Eles contaram que no dia anterior o haviam visto dando uma entrevista na televisão local falando sobre este lugar.
 Abdul disse então que esta matéria era da semana anterior e que no momento estava também com duas turistas brasileiras.
Eu e a Pri já havia reparado o quanto ele era saudado por todos nos lugares em que íamos, era sempre parado por outros guias que faziam questão de cumprimentá-lo. Comentei isto com ele, então a explicação veio:

- Isso acontece por que sou arqueólogo e especialista em egiptologia, fui professor na Universidade do Cairo, grande parte dos guias que estão aqui, foram meus alunos.

Ah! Agora está explicado, o porquê de tanto prestígio e carinho, ficamos felizes eu e a Pri, percebemos que estávamos muito bem acompanhadas.

Saímos do templo ao entardecer, e novamente me apaixonei pela luz que eu vi!
 É uma mistura de dourado com azul, de impossível descrição! As luzes do templo são ligadas para as visitas noturnas e esta combinação luminosa produz matizes incríveis!
É algo maravilhoso de presenciar!

Para que tudo fosse ainda mais especial, quando estamos saindo do templo, as mesquitas começam a chamar para as orações! Várias mesquitas são ouvidas ao mesmo tempo.
A Priscila pergunta o que eles estão falando.
Veja no vídeo a explicação do Abdul que lindo!


Ao sair encontramos com o Rambo que estava à nossa espera, o caminho de volta foi emocionante como o de ida.
Pedimos para o Abdul comprar o Kohl, e neste filme você poderá ver o cocheiro apaixonado apresentando-se novamente enquanto estamos estacionados em frente a uma farmácia.


Depois desta aventura de charrete, vamos nos preparar para a festa, já temos a roupa, a touca e a maquiagem.
Abdul pediu quando chegamos ao navio, que fôssemos muito bonitas, que fizéssemos a pintura de olhos como os egípcios, ele gostaria que estivéssemos presentes no coquetel que antecedia a festa. Exatamente como Nefertari e Cleópatra.

Muito bem, concordamos e fomos para a cabine.

Esta noite promete!

 
 

3 comentários:

Rafaella disse...

Crisssss q legal!!!!
Estou com mtas saudades amiga..
bjo grande

Anônimo disse...

adoreei as risadas! *-* vcs se divertiram mesmo hahahah :D

Bea disse...

Ri à beça com a descrição da viagem até agora, mas também fiquei encantada de vocês terem conseguido o guia Abdul para acompanhá-las, pois assim não fica aquela coisa decorada de guia, mas sim conhecimentos mesmo de alguém especialista no assunto. A propósito, vocês sabem como contatá-lo, caso a gente queira ir para lá e tê-lo como guia?