segunda-feira, 29 de novembro de 2010

13 - M/Y Mirage - Ultimo dia - LUXOR

O dia sempre amanhece lindo no deserto! Esta manhã está especialmente boa, dormi como um anjo! Sei que o dia será puxado hoje, temos vários lugares para visitar.
Ainda dentro da cabine pergunto à Pri o que era que ela queria me falar ontem à noite, ela faz uma cara preocupada e diz:

- Cris, ontem à noite estava assistindo a CNN espanhola e passou uma reportagem sobre Paris e Londres, falando que eles receberam um alerta de bomba terrorista. A torre Eiffel estava fechada, todos os aeroportos com polícia redobrada e em Londres a mesma coisa!

Olha a situação! Estamos no Egito, ela fala de uma noticia que ouviu em um canal espanhol sobre um alerta de atentado na França!

Respondi:

- Sério? Isso não é nada bom! Preocupei também!

Ficamos sérias, pois daqui a uma semana estaremos lá, e este tipo de notícia não é bom de você saber quando está viajando. Nossos planos são de voltar ao Cairo para visitar as pirâmides e outros lugares, depois iremos para a Turquia e finalizando em Paris por dois dias.
Combinamos que se as noticias continuassem falando a respeito da bomba terrorista que desistiríamos de pedir “a benção” em Paris. O que seria uma pena, pois os planos são ótimos para a visita, já que nós duas conhecemos a cidade e os pontos turísticos, a visita seria para ir a lugares bem específicos que depois eu conto.

Estamos nos arrumando para tomar café e ela me pergunta:

- Cris, você também tinha algo para me contar, o que era?

Mudei a fisionomia, comecei a rir e falei:

- Ontem a massagista deu a entender que achava que nós duas éramos um casal!

- Quêee? Tá falando sério? A Pri falou com cara de espanto.

- Tô falando seríssimo! E caí na risada.

- Mas por quê? Ela pergunta.

- Ah! Não sei por que! Talvez seja por causa do anel que temos igual, usando no mesmo dedo! Respondi.
- Ahh! Mas me faltava essa agora! E saímos rindo da cabine para o café.

Estamos navegando para Luxor, capital da província de mesmo nome, que cresceu a partir das ruínas da cidade de Tebas e situa-se a 670 km do Cairo.
Nosso primeiro passeio pela manhã será em Deir El-Bahari, o complexo funerário de alguns faraós dentre eles o de Hatshepsut, rainha que se “transformou” em homem para reinar.

 Hatshepsut viveu há cerca de 3 mil anos. Filha de Tutmés I e da rainha Ahmose, casou-se com o meio irmão Tutmés II, como era costume. Quando o marido morreu, o herdeiro oficial, Tutmés III, ainda era criança. Desta maneira, Hatchepsut assumiu o poder – e governou por cerca de 20 anos, num dos mais longos e pacíficos reinados da história dos faraós. Para ter credibilidade, uma das técnicas que usou, foi a de vestir-se como um homem, colocando inclusive uma barba postiça no queixo, a marca registrada dos faraós.





É bem verdade que o dia estava especialmente quente, em torno de 47º! Acho que foi o pior dia desde que chegamos!

Enquanto subíamos lentamente, era possível ver e admirar a beleza deste lugar, e creio que seja mais quente do que os outros lugares por causa da encosta calcária que serve de apoio para o templo e bloqueia o pouco ar que circula por lá.

No trajeto a Pri fala que não está bem, reclama do calor e está visivelmente incomodada e irritada.
Penso comigo mesma: “Mas que mau humor!”
Ao chegar ao terraço principal,  ela não consegue mais andar, encosta-se na parede e lentamente vai deslizando até sentar no chão.


Entrei no pátio interno do templo para fotografar e admirar as belas construções que estão lá. Fiz algumas fotos e voltei para saber como ela estava. Mas quanto mais eu perguntava, mais irritada ela ficava.

- Vamos embora! Ela disse.
- Mas Pri a gente acabou de chegar! Respondi.

Ela abaixou a cabeça e resmungou alguma coisa que não entendi.

Era melhor me apressar se quisesse fazer fotos, por que ela realmente não estava nada bem!
 Falei então:

- Descansa um pouco e entra aqui neste pátio é maravilhoso! E depois vamos embora.


                                                        Ela entrou...
                                               Ficou 2 segundos...e saiu!

Ele pediu para eu bater a foto...depois pediu gorjeta


O dia estava apenas começando! Estaríamos o tempo todo com aquele sol na cuca e me preocupei com o estado da Pri, mas desisti de falar ou perguntar qualquer coisa, aprendi que nessas horas com ela, é melhor ficar quieta.
Fomos em silêncio para a van, e ao mesmo tempo estava torcendo para que ela ficasse bem, seria muito chato chegar até lá e ela não poder curtir o passeio. De qualquer forma a van é sempre um lugar maravilhoso de ficar.
Estamos a caminho do Vale dos reis, mas antes damos uma parada para apreciar o Colosso de Memnon, que é a designação atribuída a duas estátuas gigantescas do faraó Amen-hotep III.
Estas duas estátuas eram entendidas como guardiãs do templo funerário do faraó.
O templo tinha cerca de 385.000 metros, sendo um dos maiores da antiguidade, mas foi completamente destruído devido às inundações do Nilo e à extração de materiais.


                                Veja o policial armado passeando entre nós.

Com o ar condicionado e um pouco de água, a Pri estava melhor, mas não muito! Quase não desceu do carro para fazer esta foto.

Quando chegamos ao Brasil, fui pesquisar sobre o terrorismo no Egito, e descobri algo que me deixou muito impressionada e triste!

O lugar que acabamos de sair, o Templo de Hatshepsut, foi o palco de uma ação terrorista em 1998. Turistas, exatamente como nós, no mesmo horário, haviam acabado de chegar e estavam nos terraços fazendo fotos e admirando o lugar, quando um grupo de 8 ou 10 terroristas entraram atirando e mataram 70 turistas que estavam lá. Poucos sobreviveram.
Está no youtube, se quiser saber mais coloque: Terror em Luxor.

Este era o assunto que o Abdul não quis comentar quando estávamos em Kom Ombo, era deste ataque terrorista que ele não quis falar!
Só aqui entendi o mal estar da Pri tadinha. Acho que de certa forma ela canalizou estas energias e isso a deixou sem forças quase que "literalmente".
 
Quando percebi o que tinha acontecido, dei razão para aquele mal estar, não deve ter sido fácil não!

De qualquer forma estávamos indo para outro lugar bacana, e tudo ficaria bem!

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

12 - A festa - Parte II

Assim que terminamos de jantar, subimos com o Abdul que escolheu a mesa bem na frente do pequeno palco. Ele nos apresenta seu amigo, que também é guia e depois traduz o comentário que fez sobre nós.
Disse que éramos duas brasileiras muito queridas, e usou o termo “Habbib”, que é uma palavra usada entre as pessoas para dizer que estas são especiais, importantes, queridas. Usa-se entre casais, amigos, pais e filhos e traduz sempre uma linguagem de afeto sincero.

Aos poucos as pessoas vão terminando de jantar e começam a subir para o Lounge.
 A música está super animada! O ritmo árabe é encantador e contagiante!
Dá vontade de sair levantando as mãos, sacudindo e “fazendo a louca”!
Na verdade meu sangue ferve com este ritmo. Acho que vou trocar o Tango pela dança árabe.

Neste momento a Priscila comenta que faz aulas de dança do ventre aqui no Brasil, imediatamente o olhar de Abdul se ilumina. Ele fica muito feliz em saber que por aqui temos estas aulas, e pede para ela dançar. Até ofereceu um valor de cachê por uma hora de apresentação.

- Claro que não!  Ela diz.  Nem pensar!
Ficamos rindo um pouco da expressão de olhos arregalados que ela fez.

Os lugares vão sendo ocupados, temos as atenções entretidas nos vestuários, e na grande criatividade das pessoas em improvisar!

Vimos uma mulher que na ausência de cinto, colocou a tira da bolsa na cintura! Amarrou, fez um nó para o lado, e lá foi ela bem feliz pra festa! Detalhe: As túnicas não precisam de cinto.

Outra pegou a saia de moedas para amarrar no quadril, e colocou na cabeça como um turbante!

Uma vovó, com idade entre os 75 e 80 colocou um sutiã e saia bordados, aqueles que as dançarinas usam para apresentações e também estava lá. Muito satisfeita com suas pelanquinhas!

Mas a melhor de todas mesmo, era a nossa amiga da piscina que vestia uma túnica verde limão com uma grande pirâmide estampada na frente e uma sandalinha do tipo Rider!

Como sempre, muito animada, foi para o centro do palco e começou a dançar e a chamar as pessoas, super empolgada!
Dançou bastante! Segurava no mastro e fazia movimentos sensuais. Não tem como negar, esta pessoa é feliz! E muito bem resolvida! Ou é “sem noção”, ainda não sei. Mas sinceramente, seja lá o que for ela se diverte.

Todo mundo começou a rir, e a bater palmas, mas ninguém dividiu o palco com ela, aquele era seu momento estrela!
Acho que agora sim ela tinha conseguido atenção! O momento “piscina” ficou no passado.
Novamente ela faz sinal para alguém! Mas quem?
Ainda tenho dúvidas se realmente a gente é que não via ou se era apenas uma estratégia para ela ficar mais segura, de qualquer forma, ela faz o que quer, e isso é admirável!
A música termina e ela vai sentar rindo muito e agradecendo os aplausos. Ainda bem que a música estava alta, por que nós rimos tanto que quase desloquei o maxilar, aliás, dar gargalhadas é muito bom! Desta vez todos riram também!

O amigo do Abdul é o mestre de cerimônias da festa, assim que todos estão presentes começa a chamar para dançar, nosso guia levanta e nos chama para o palco temos que abrir as danças, não se pôde dizer que não! A Pri bem que tentou, mas...

Então lá vamos nós quatro para o meio da pista para começar a festa. Até que deu certo, o povo foi se animando e começou a dançar , quando a música terminou estavam todos alegres e dançando bem animadinhos, todos os guias, tiozinhos, tiazinhas e nós.

O mestre começa então a falar em inglês e pede a presença de quatro homens na pista, vai acontecer uma brincadeira. Eles vão chegando e então começa a explicação.

A brincadeira é o seguinte: Eles terão um cordão, uma ponta vai amarrada à cintura e na outra ponta uma batata embrulhada num papel alumínio, de forma que ela fica pendurada e balançando como um “rabo” entre as pernas que ficam abertas para os lados.
No chão há outra batata que deverá ser “empurrada” com a batata que esta amarrada na cintura, até um pires que está no outro lado da pista.
É preciso fazer movimentos com a cintura e com o quadril para frente e para trás, para dar embalo na batata amarrada, bem como administrar a direção que ela vem para esta empurrar a que está no chão.
Não pode usar as mãos nem os pés.
Quem conseguir primeiro levar a batata até o pires, será o vencedor.

Esta cena nem vou tentar descrever, assiste!... Não há como explicar!




 As gargalhadas que se ouvem são minha e da Pri, teve um tiozinho que simplesmente não conseguiu sair do lugar, não empurrou a batata nenhuma vez! Olhe para ele, é o último da direita, ele ficou tentando sem sair do lugar coitado!
O vencedor foi aquele que puxou a batata do cara de verde.
Ele foi que foi empurrando a batatinha dele e no final no último passo conseguiu ganhar!
Muito boa esta idéia de jogo, adorei!

A brincadeira seguinte também foi divertida, era assim: Fomos todos para o centro do palco, deveríamos formar grupos quando a música parasse.
Então a música começava e quando ela parava o mestre dizia um numero, este número era o indicativo de pessoas em cada grupo. Quem não conseguisse entrar em algum grupo deveria sair.

Foi muito bom! Integrou todo mundo, era um puxa pra cá, empurra pra lá, todo mundo dando risadas e tentando se encaixar nos grupos. Foi muito divertido mesmo!
Eu saí na terceira rodada, a Pri ficou até a quinta e depois ficamos do lado de fora gargalhando junto com o Abdul assistindo de camarote a bagunça do pessoal.
O interessante é que vi pessoas que não havia reparado nos dias anteriores, tinha uma menina muito bonitinha, de uns 12 anos que brincava com todo mundo.

Neste grupo encontrei a minha versão em vermelho! Outra loira com uma touca de penduricos estava lá. Nunca tinha prestado a atenção nela, bem como em outras pessoas, pena que era o penúltimo dia.

Em seguida teve um sorteio de brindes. Até nos ofereceram para comprar, mas os brindes eram tão tristinhos que preferimos apenas assistir.
Entre outras coisas, tinha uma pirâmide de acrílico colorida por dentro, uma touca com penduricos exatamente como a minha, eu não sabia o que fazer com esta! Imagina se ganho a outra! Eu pelo menos estava usando, mas e se a Priscila ganha este prêmio?
Melhor não!

Na próxima brincadeira o Abdul pede que eu participe, tentei dizer que não, ele insistiu, a Priscila também e acabei concordando. Estava sem moral para bancar esta nova desfeita.

A brincadeira era o seguinte: Subiam no palco nove mulheres sem sapatos, ficamos em roda. No centro desta roda o mestre colocou oito colheres pequenas, de cafezinho.
A música começa a tocar e quando ela parar cada uma deve pegar uma colher, a que não conseguir pegar nenhuma colher sai da roda.

Muito bem entendi tudo! A música começou, tínhamos que andar em círculos dançando, e mantendo a roda aberta, não podia chegar perto das colheres nem fechar a roda.

Demos duas voltas e de repente a música parou!
Mirei uma colher e fui! Classifiquei para a segunda rodada.
A música foi parando e eu me jogando como uma louca contida numa colher qualquer. Agora quero ganhar este jogo, é uma questão de honra!

A música toca e recomeçamos a roda, uma por uma vai saindo, e eu lá!
 Olho para o sofá e estão a Priscila e o Abdul rindo e torcendo. Escuto de vez em quando um:
- Vai Cris!
Isso me anima!
Estou com toda a minha atenção concentrada na música e na distancia que estou das colheres.  Minha testa está coçando por causa das medalhas e do suor. Não posso rir nem me coçar! A vontade é imensa, mas se eu fizer isso vou desconcentrar. Escuto o Abdul falando.
- Yala Cris! (vamos!)

Aaaah! Preciso ganhar!

E a música vai tocando e eu lá rodando, dançando e pensando na colher, to ficando tonta, mas minha vida moral desta noite depende desta colher!
Já saíram sete! Estou na final!

E agora a surpresa! O mestre coloca uma venda nos olhos, e avisa que não devemos nos chocar, pede para termos cuidado, então ele para a música, pede silencio e começa a jogar a colher em vários lugares, eu e a outra finalista de olhos vendados, ficamos engatinhando e tateando o chão à procura da bendita colher!

È possível ouvir as pessoas rindo e batendo palmas, algumas torcem para mim e outras para minha concorrente.

A colher parece que tem pernas, escuto um barulho hora à esquerda e hora à direita, o mestre brinca um pouco com nossos sentidos jogando rapidamente para todos os lados.
E eu lá, engatinhando e passando a mão naquele chão! Enquanto isso tento ficar atenta ao barulho da queda, e quando chego perto da colher ele tira e joga em outro lugar.

Ele joga a colher pela última vez, meu ouvido avisa que está à esquerda, começo a engatinhar pelo chão abrindo e fechando os braços como se estivesse nadando, neste momento escuto uma gargalhada geral! Deve ter ficado muito engraçado mesmo, imagina alguém fazendo estilo borboleta no chão! Era eu!

Preciso pegar esta COLHER! Percebo que minha concorrente está perto por que esbarrei nela.

Ah não!  Sai daí!  Esta colher é MINHA!

Intensifico a procura com mais rapidez nas braçadas, resolvo usar também as pernas.
A situação é extrema!
Esbarro novamente na concorrente e será uma questão de segundos ela ou eu encontrar a colher. Ouço várias pessoas falando, há torcida em português, inglês, árabe, alemão e mais outras tantas que não identifiquei , percebo que a medida que vamos nos movimentando a torcida aumenta. Só não sei para quem!
Minha mão esquerda arrasta a colher!  Dei mais um impulso e segurei forte!

GANHEEEEI!  Uhuuuuu! Ganhei...!

Digamos que depois deste jogo daria para jantar no chão, por que ele ficou bem limpinho!
Tirei a venda e percebi que a mulher que estava comigo também estava muito perto de pegar, creio que a final deve ter sido bem interessante, por que estávamos quase juntas uma da outra.  Todo mundo riu, mas meu nado borboleta deu certo!
Minha concorrente aparece no filme de blusa e lenço branco.



Pena que a Pri não filmou as minhas atiradas ao chão nem a final do jogo, mas dá para ter uma idéia do que foi.

Que Bom! O Abdul batia palmas e dava muita risada, a Pri estava se torcendo de rir também! Lavei a alma!
Ao voltar para a mesa, dediquei a vitória para o Abdul, afinal agora todo mundo já sabia quem eram as pessoas que ele estava guiando, exatamente como ele queria no inicio da noite. Acho que conseguimos nos redimir finalmente!

                                                               Semi-final

                                                                              Final

                                                                        Ganhei!

A outra parte da festa também foi ótima, o fotógrafo que estava presente chamava os grupos para fazerem fotos.
Minha Nossa Senhora da fotografia Engraçada! O que esse povo fez de bagunça para estas fotos, foi demais!
Como estávamos bem na frente do palco, víamos tudo o que acontecia, um beliscava o outro quando a foto ia ser batida, ou alguém se atravessava bem na frente atrapalhando a foto, outra hora faziam poses como se fossem faraós e as esposas aos pés, muito bom mesmo!
Que noite bacana! Divertida engraçada, muito leve, gostosa até de lembrar!

Ficamos mais um pouco, rindo e conversando, e depois fomos para a cabine.

Troquei de roupa, e quando fui tirar a maquiagem tive que rir de novo, o maravilhoso Kohl estava no queixo! Parecíamos dois ursos Panda!
Pensamos que talvez não fosse a marca certa, ou ele deve ser usado apenas na parte de cima do olho, não sei! Vamos experimentar de novo em outra hora, por que agora vamos usar bastante demaquilante para tirar este!

A Pri coloca pijama, e eu outra roupa para fazer a massagem!

Nem sei como descrever o que foi!
 Ótima é a palavra! E exatamente como imaginei!
Chegando lá, ela deixou a luz bem fraquinha, colocou uma música relaxante, e começou a massagem pelos pés.

A cortina estava aberta e então era possível ver algumas luzes às margens do rio de vez em quando que iam sumindo para logo em seguida vir outra.
 O perfume do creme de massagens era maravilhoso, e realmente a menina era muito boa, pois a cada movimento parecia que ela tirava toneladas de mim, precisei ter cuidado para não babar! Juro!

Agradeci a mim mesma por haver me presenteado com isso. Estou tão acostumada a cuidar dos meus pacientes que tinha esquecido como é bom ser cuidada também!
E enquanto ela ia trabalhando fiquei fazendo reflexões a respeito.

Assim na quietude, me entreguei ao relaxamento de todos os músculos, um a um sendo massageados, ouvindo uma musica bem suave e por vezes a minha própria respiração. Percebia ás vezes ela movimentando a toalha para recomeçar em outro lugar e vez por outra despertava com um puxão mais forte para logo em seguida relaxar novamente.

Ao final, ela pergunta em inglês como eu estava e se eu tinha gostado, respondi que estava bem e que tinha adorado.  Conversamos mais um pouco e não tenho certeza, mas acho que ela pensou que eu e a Pri éramos um casal!
Tentei no meu inglês capenga dizer que éramos amigas, que eu era casada e tinha um filho de 19 anos. Não sei se convenceu, ela simplesmente deu de ombros e disse: OK.

Fui para a cabine rindo, mas depois pensando bem, fiquei imaginando se era isso que as pessoas estavam achando também!

Bati à porta para entrar.
Bati novamente e assim eu fiz quatro vezes chamando a Priscila.

Que nada! Ela estava hibernando profundamente, precisei chamar o camareiro para abrir a porta com a chave reserva.

Só despertou quando eu entrei.  Levantou a cabeça com um olho aberto e o outro fechado e perguntou:

-E daí? A massagem foi boa?

Respondi:

-Sim, maravilhosa, lembra amanhã que preciso te contar uma coisa.

Ela disse:

- Eu também tenho que te contar uma coisa, é bem importante, mas te falo amanhã. Boa noite!


- Boa noite Pri.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

11 - M/Y Mirage - Segunda Noite - Nefertari e Cleópatra

Chegar ao navio é sempre ótimo, principalmente após um dia de tanto sol, e caminhadas.
Meus pés não estão doendo, na verdade não sinto nada nos pés, fiquei o dia inteiro com minhas Havaianas maravilhosas, companheiras de todas as minhas viagens.

Mas o fato é que tenho por baixo das unhas vermelhas, pó suficiente para fazer um tijolo!

Mesmo com chinelos e os pés arejados o suor foi “algo”!
 Misturando com areia do deserto, mais um pouquinho de poluição... Imagine!
Logo, ter a visão do Mirage é quase como chegar em casa, ( me controlei para não fazer trocadilho com a palavra miragem...)


O dia foi MARAVILHOSOOO! Claro que estamos cansadas, suadas, mas muito felizes! Acho que foi o primeiro dia em que nos preocupamos apenas em ser turistas e aproveitar.
E o passeio de charrete então! Pura aventura!

Chegamos à cabine e a Pri liga a televisão, ela gosta de estar atenta ao que acontece, sintoniza em um canal qualquer e começamos as preparações para o banho.
Imagino que todo mundo saiba a importância de um banho, mas acredite! Tomar banho no deserto tem um sabor especial! É um verdadeiro deleite!

Pela manhã, antes do passeio, conhecemos a massagista do navio enquanto estávamos no deck das piscinas.
A Pri se animou e foi tomar banho de sol antes de sairmos para o templo, eu preferi ficar na sombra, mas enquanto estamos nos arrumando nas camas perto das piscinas, a Priscila me chama e mostra uma mulher super animada para entrar na água.


Aparentava uns 55 anos, cabelos loiros bem curtos, usando um chapéu de palha e um sunquíni (lembra deste modelo?), não estava nem um pouco preocupada com as gordurinhas salientes que teimavam em sair da calça ou do sutiã e que organizadamente faziam cascatas pelo abdômen.
Primeiro ela pegou o chuveirinho, fez uma encenação bem feminina para se molhar, tipo modelo Pin-Up, um pé em ponta, depois o outro pé. Saiu dali e foi em direção á piscina.

 Ela parou nas escadas, fez alguns polichinelos (juro por Deus!), olhou para trás e falou não sei com quem, por que não havia ninguém atrás dela. Virou-se novamente e... Deu uma barrigada!

Ao voltar do mergulho, começou a pular, levantando os braços, numa alegria imensa! Fazia polichinelos dentro d’água! Ria e chamava alguém, que não estava lá! Por que olhando para onde ela olhava só havia mesas e camas para banho de sol!

Ela continuou por alguns minutos nadando e batendo os braços, rindo e brincando como se a piscina estivesse cheia, mas ela estava sozinha na água!?!

Entre risos contidos e com a mão na boca nós quase tivemos uma síncope! O controle foi imenso! Ficaria muito chato se alguém percebesse que estávamos rindo dela. Principalmente se o amigo invisível estivesse mesmo por ali!
 Esta cena foi ótima!

Logo se apresenta massagista e começa a nos falar sobre os pacotes de massagens, inicialmente dissemos que não, mas ela então pegou a mão da Priscila e começou a massagear, dedo por dedo, palma da mão e punho que a Pri quase babou no biquíni, Filmei isso!

Em seguida pegou a minha mão e fez massagem também, realmente foi divino! A Pri comentou que ela parecia ser boa, isso me convenceu, por que no Brasil a Priscila é adepta desta técnica, tem mais experiência no assunto.

Pensei assim: Quer saber? Mereço uma massagem destas, com lama do Nilo, pó de múmia, creme de faraó! Seja lá o que for! Uma massagem bem relaxante, coisa boa! E acrescentei uma facial também, afinal de contas, quando terei novamente uma oportunidade como esta? Fazer massagem enquanto navego por este rio? Coisa de Nefertari não é mesmo? Agendei para a noite.
A Pri agendou para o dia seguinte após o passeio.
Enquanto isso a tiazinha ainda esta na piscina animadíssima e muito feliz!

Fiz este comentário apenas para que entendam o que vou relatar mais tarde.

 Estamos no quarto organizando o banho e comentando o dia.
Começamos a nos arrumar.
 A programação é a seguinte: Coquetel, jantar, festa, e depois de tudo, vou fazer a massagem!

Estamos secando cabelo, fazendo prancha e maquiando, super animadas, finalmente vamos usar o Kohl! Esta é a segunda tentativa de comprar este delineador tão almejado, tinha encomendas dele, por que todos imaginam ser uma pintura diferente. Na verdade é!
Começamos então a colocar as túnicas.

A Pri coloca a dela e começa a rir, e a falar:
- Ai, meu Deus! Acho que não vou com isso não! É muito esquisito! E se não tiver ninguém com esta roupa!

Respondo:
- Pri, é uma festa típica! Claro que vai estar todo mundo vestido a rigor, lembra que o Abdul pediu para caprichar?

Ela comenta:
- Lembro! Ele ta é querendo usar agente pra cartão, se gabar isso sim! Tenho certeza!

Concordei com ela, acho que ele realmente estava querendo nos mostrar para todos, mas não me importei com isso. Creio que os guias tenham entre si algum código para isso, por que era comum vê-los conversando e rindo animadamente nos intervalos dentro do navio. Certamente comentando os quadrinhos que tinham passado com seus turistas.

Tentando acalmá-la falei:
- Olha, já vou colocar a minha túnica também e a touca.

- Você vai colocar esta touca? Ah, eu não vou não! É muito mico!
Enquanto fala, ela faz caretas impagáveis!

- Claro que vou! Respondi.

Ela pega a touca, torce a boca e coloca para ver como é que fica. Não gosta e tira.
Eu coloco a minha e tento ajeitar aqueles fios que estão na frente dos meus olhos e começo a rir, por que eles ficam balançando o tempo todo. Além do mais tem umas medalhinhas que ficam na testa dando uma coceira horrível! Tirei também.

Lembrei da promessa para o Abdul e coloquei novamente a touca. A Pri coloca também e emenda um comentário.

- Eu nunca me senti tão mal com uma roupa! Eu não vou com isso não! E muito menos com essa touca, onde eu estava com a cabeça quando eu comprei isto?

Enquanto ela fala, caminha pelo quarto com a touca na mão, botando e tirando, tentando ajeitar as moedas.

Pedi a touca dela, quem sabe se trocando as cores elas ficariam melhores?

 Que nada! Ficou pior! Por que a dela é amarela, e quando coloquei na minha cabeça, a touca sumiu! Só apareciam os fiapos balançando, eles ficavam flutuando em volta de mim, o mesmo aconteceu com ela por que a minha é preta.

Não adiantava! Quanto mais agente tentava melhorar, pior ficava. A touca realmente estava a perigo, no entanto, fazia parte do traje!

A Pri está ansiosa, eu também, na verdade fiquei imaginando se apenas nós estivéssemos com aquelas roupas de egípcias no navio. Seria realmente mais que um mico, estaria mais para um King Kong!

 Pensa nas duas chegando de túnicas. Ahh! Detalhe! Elas são IGUAIS! Apenas a cor é diferente. E eu com aquela toquinha cheia de balangandans no coquetel! Crente que estão abafando e o resto do povo todo vestido normal. Meu Deus!

Passei o Kohl “a La egípcia” com o traço bem esticado e coloquei a bendita da touca com penduricos.

- Agora vamos! Quem ta na chuva é para se molhar! Vamos Pri, seja o que Deus quiser! Começamos a rir de nervosas e assim fomos até a porta.

A Pri deu uma freada segurando a maçaneta e disse:

-Ah, não vou não!  Ai... Que vergonha Cris!
-Vamos sim!  Respondi. Vergonha nada, qualquer coisa agente volta pra esta cabine e nunca mais sai!
Ela me deu uma olhada “daquelas”.

- Primeiro vamos espiar! Ela disse.

Abriu a porta e bem devagar colocamos as cabeças para fora a fim de ver se tinha alguém vestido de egípcio. Espiamos para os dois lados.

Parecíamos àqueles desenhos que uma cabeça surge em cima da outra sabe?

Não tinha viva alma no corredor!

Ela fechou a porta.

-Viu! Não tem ninguém com a porcaria desta túnica, eu vou trocar de roupa agora mesmo!
- Calma!  Respondi. Vamos olhar de novo!  Estamos atrasadas, e deve estar todo mundo no coquetel não é? Não tem ninguém aqui em baixo mesmo!

Ela abriu a porta novamente e colocamos as cabeças pra fora para espiar de novo. Demos de cara com o camareiro!  

Ui! Que susto! Demos um passo à trás. Ficamos com aquela expressão de quem aprontou e está se escondendo!

 Imediatamente começamos a rir, ficamos as duas emboladas na porta. A minha touca sacudindo os penduricos na frente dos olhos quase a ponto de me dar uma convulsão, a Pri rindo para valer e o carinha dizendo!

- Beatiful, very, very beatiful!  Sorria balançando a cabeça e fazendo sinal de positivo com o polegar. Era bem simpático ele, e naquele momento isso até ajudava um pouco.

Agora danou-se ! Teremos que ir assim mesmo! Ficaria muito estranho agente fechar a porta e aparecer com outra roupa.

O rapaz pergunta se gostamos da múmia que ele tinha feito com a toalha e as minhas roupas, dissemos que sim. Então ele pediu para que tirássemos uma foto.


Estou mais acostumada a me fantasiar por causa das apresentações de Tango, e entendo que a Priscila não esteja à vontade.

Mas confesso que esta situação também está me trazendo os nervos à flor da pele! Até mesmo minha cara de pau para estas ocasiões estava me deixando na mão! A Pri finalmente decidiu sair sem a touca.
Depois da foto tivemos que sair, a Pri repetia ao meu lado:
- Ai, que vergonha! Que mico!

Não tinha ninguém na recepção, passamos aliviadas, com passos lentos e miúdos.
Vemos então um homem com uma túnica branca que mais parecia uma camisola!
Ah! Que alívio, não estamos sozinhas nesta!

Subimos ao Lounge onde está acontecendo o coquetel. Confesso que cada degrau que eu subo meu coração dispara.
Atrás de mim a Pri, vem falando:
- Que situação!
Estamos nervosas, entramos no lugar e...

Está vazio! Não tem Ninguém!

Apenas o Abdul sentado em uma poltrona e os nossos coquetéis em cima de uma mesinha.

Ahhh! Coitadinho! Tanto que ele nos queria lá mais cedo para apresentar aos outros e chegamos atrasadas. Esta imagem ainda me corta o coração!

Ele foi muito cavalheiro, nos elogiou, e disse que deveríamos ir para o jantar que era no andar de baixo. Nossa cara neste momento era um grande TACHO!

Com risos amarelos e muito sem jeito, pedimos desculpas, tomamos o coquetel e começamos a descer.

Mas o nervoso continua, e se ninguém está vestido a caráter? Bem, agora não dá para desistir, estou pensando na desfeita que, sem querer, fizemos para o Abdul, e mesmo que ninguém esteja vestido de egípcio nós estávamos, nem que fosse para deixá-lo feliz!

 Ele comenta que meus olhos estão mesmo como os de Nefertari, com o risco bem puxado. Fiquei aliviada e agradeci o elogio. Naquele momento queria arrancar aquela touca maldita, mas agora me lasquei, serei Nefertari até o fim da festa. Fazer o que?

O Abdul viu que eu estava com a máquina na mão e disse que então faríamos fotos. Começou a orientar as poses. Havia também um fotógrafo contratado para fazer isso, e graças a Deus, enquanto estávamos descendo as escadas outros “egípcios” começaram a aparecer para fazer fotos também! Todos a caráter! Ufa!

 Nem vou descrever as fotos. Fizemos todas que o Abdul pediu, a consciência estava pesada. Atendemos de bom grado, agora tanto faz, vamos entrar na onda e curtir.

 O lugar vazio...as duas de túnicas iguais!
             
Olha o que faz uma consciencia pesada!

A personificação do famoso “Sorriso amarelo”.


O Abdul está feliz, e nós nervosas e envergonhadas, mas de agora em diante, vamos aproveitar a festa.

Entramos no restaurante e a visão é incrível!

Imagine todo o tipo de roupa egípcia que você puder.
 Imaginou?  Então!...Estavam todos lá!
Alívio geral!

Sentamos na nossa mesa e fomos jantar, olhando em volta percebemos que todos estão vestidos de túnicas, ou o mais próximo possível disso.
O que vale é a intenção!

E pensar que pagamos um dinheirão por esta roupa! Ui...!

Como sempre a comida estava muito boa. Terminamos de jantar mais alegres e confortáveis.
A Priscila realmente parece uma egípcia, já eu, com este cabelão loiro estou mais pra alemã fantasiada do que qualquer outra coisa. Tudo bem, a túnica era original e o traço do olho era com o Kohl! Tudo egípcio!