terça-feira, 23 de novembro de 2010

1 - Saindo de Curitiba

Nada é por acaso”, interessante como de repente algumas frases recebem sentidos diferentes em determinados momentos de nossas vidas, muitas vezes nos atendimentos que fiz no consultório, falei esta frase para meus pacientes e sempre me convenci de que realmente é assim, no entanto atualmente ela está com força especial no contexto em que me encontro.

O acaso pode ser entendido por diversos ângulos dentro de filosofias ou religiões, mas sempre terá um significado único dentro do momento em que se vive, assim foi... E assim sempre será!

Esta viagem a qual vou relatar desde o inicio trouxe consigo um sinal de diferença, para quem me conhece, sabe o quanto sou envolvida com o processo, quando quero ir a algum lugar, pesquiso muito para saber onde quero ir, o que fazer, pontos turísticos, particularidades de cada local, tipo de musica, pratos característicos, enfim viajo mesmo antes de sair de casa. Desta vez por vários motivos pessoais não consegui fazer isso, fiquei sem o mapa emocional que eu mesma faço para essas aventuras.

Para entender, este mapa o qual me refiro contém todas as impressões que considero importantes, necessito sentir o país, como ele vive, como dança, o que come, como sente, como vive, o que pensa, como se encontra espiritualmente e principalmente como vê o visitante em sua casa, isso me tranqüiliza e me enche de energia, pois a cada país que visito procuro estar adequada, entendo que, como visitante isso é uma forma de respeito a quem me recebe.

Viajar é sempre uma experiência única, há um processo que começa a se organizar mesmo antes do roteiro, há a necessidade de abrir espaço em algum momento da sua vida para encaixar os sonhos, a expectativa do desconhecido (e para isso é preciso certa dose de coragem), estar aberto ao inesperado, confiar em seus recursos internos para lidar com os imprevistos que certamente darão o ar da graça, afinal, que histórias você contará se tudo sair exatamente como planejado?

Segue o momento de decidir o roteiro, os passeios, o tempo em cada lugar, dar uma olhada no clima e finalmente começar a fazer a mala, o que garante novamente outro processo interessante, pois existe um guarda roupa inteiro ao seu dispor e uma mala que necessita do básico, e agora vem a outra situação diferente desta viagem, nunca precisei de ajuda para isso, não por que seja ótima em fazer malas, mas por que definitivamente parecia que o tempo do relógio e o meu tempo não estavam em acordo, sabia que precisava arrumar as coisas, e não conseguia me organizar para isso, o que é inteiramente inacreditável, por que normalmente uma semana antes já tenho quase tudo pronto.

Meu processo começa da seguinte forma: primeiro coloco TUDO o que quero levar, depois vou ponderando e tiro coisas até chegar a um resultado satisfatório, mas desta vez precisei de ajuda.
Márcia, minha amiga e vizinha, na noite que antecede a viagem veio me dar um beijo, saber como eu estava e também para dar uma carimbada no cartão, pois, temos o compromisso firmado para caminhar sempre que nossos horários permitem eu, ela e a Jo.

Gosto do talento que a Márcia tem para organizar as coisas, entenda isso de todas as formas, por que ela realmente faz isso muito bem em qualquer situação, seja uma mesa para jantar, uma gaveta ou um evento.
Ela pergunta como está a mala, e respondo que ainda estou tirando coisas, por que ainda está muito cheia, percebi que seu olhar imediatamente começou a trabalhar, observou que eu estava às voltas com um casaco que precisava entrar de qualquer jeito. Comecei então a tirar tantas coisas, que sobrou espaço. A bagagem estava tão básica que ela me chamou a atenção:

- Cris, pare! Você está tirando coisas que talvez vá precisar.

Ainda bem que ela fez isso, por que várias roupas que voltaram, realmente precisei!

Muito bem, roteiro definido, contas pagas, mala pronta. Vou viajar. Então por que ainda tenho a sensação de que algo ainda está fora de lugar? Por que ainda existe a indecisão? Por duas vezes estive a ponto de desistir. Isso definitivamente não é o meu perfil! Mas não é mesmo!

Pensei racionalmente, ponderei todos os pontos, e racionalmente cheguei à conclusão de que estava tudo certo, mas... (nunca gosto quando vem o “mas”) ainda sentia algo diferente.

À tarde já com as coisas arrumadas, faltando apenas o banho e a troca de roupa, sento para conversar com o Ronaldo e rever as últimas observações antes de embarcar, a campainha toca e quando abro a porta uma carinha risonha está parada bem na minha frente com uma linda rosa na mão!

 É a Jo, minha amiga e vizinha, veio dar um beijo e me desejar boa viagem, definitivamente foi um bálsamo. Dei um abraço carinhoso, e coloquei a rosa no meu altar da Nossa Senhora. Mais tarde lembrei-me de um e-mail, daquele tipo corrente de Santa Rita, que sempre se manifesta com uma rosa, na ocasião pedi que me protegesse na viagem, a Jo me trouxe esta resposta.

É possível que esta sensação estranha que estou sentindo tenha a ver com a forma pela qual estamos indo. Desde o inicio pensava, que ir a um país muçulmano sem o acompanhamento de um grupo seria especialmente difícil, pois, há toda uma forma de entendimentos a serem observados em países assim.
 São regras e comportamentos éticos muito diferentes dos nossos, e sabia que duas mulheres sozinhas  teriam lá muitas situações complicadas para desenrolar, como de fato aconteceu!

 Mas isso, conto daqui a pouco! Estou ainda relatando o porquê desta sensação esquisita, e este sentimento pode ser a causa deste incômodo que sinto antes de partir.

Muito bem vamos para a revisão de bolsa:

- Passaporte – Ok
- E-ticket – Ok
- Óculos de grau e sombra – Ok
- Documentos – Ok
- Dinheiro – Ok

Ta tudo Ok, então é guardar a mala e ir ao aeroporto com duas horas de antecedência para começar mais uma aventura pelo mundo.


3 comentários:

ronaldo blotta disse...

Cris adorei e vou ler tudo ...parabéns bjs bjs

virginia disse...

Maninha, que idéia genial. Tô adorando...
Muiiitoooo legal mesmo!!!

Unknown disse...

Amiga querida!!!! Que saudade!
Não sabia dessa viagem...como podemos estar tão longe e ao mesmo tempo sabermos que estamos "sempre tão perto uma da outra"?
Vou ler tudo, mas preciso muito dessa lição ariana. Nossos dois dias de diferença de nascimento estão tendo retorno diferente. Parabéns pela idéia!!!! Te amo amiga!