segunda-feira, 30 de julho de 2012

O tempo e o infinito


Ontem fui visitar meu pai na cidade onde mora, fica a pouco mais de 200 km da minha casa, saímos pela manhã, e eu após uma noite mal dormida, acordei com areia nos olhos, típico de quem dormiu tarde e acordou cedo, fiquei aguardando a chegada do filho que foi para a balada e que eu “abalada” de preocupação fico assistindo filme e passeando pela net. To acostumando já.

Sou a que mora mais perto dele, e confesso não ser tão assídua nas visitas quanto gostaria de ser, vou melhorar isso!

Enquanto a estrada aparecia pela frente, vinham também memórias interessantes. Viajar é a palavra que define minha infância e adolescência, incontáveis vezes colocamos malas, cachorro, lanches e brinquedos  bem acomodados no bagageiro para sair por aí a fora.

O banco de trás era dividido milimetricamente pela metade, minha irmã e eu nesta época éramos peritas em distrair nosso pai com as brigas, tudo era motivo, o espaço do banco, a janela aberta, as balas que eu insistia em comer a mais do que ela (rsrs), e ela a soltar o choro com toda a força dos pulmões!

Com nossa mãe viajava uma colher de pau, e quando a coisa ficava difícil ela voava aquela colher para todo lado, para cima e para baixo, em ziguezague e azar de quem estivesse no lugar errado e na hora errada, a idéia não era acertar, mas de vez em quando ela pegava em cheio... E entre sustos e risos tudo se acalmava.

Fonte: Google
Eu sorri, mas meu o coração chorou. Quanta saudade meu Deus! Coloquei os óculos escuros rápido, pensamentos são flechas velozes.

Estou indo visitar meu pai, ele fará 83 anos no próximo dia 6 e neste dia não estaremos juntos, ele resolveu viajar. Ok ele pode o que quiser.

O dia esta bonito na serra, que cheiro bom este de mato com estrada, do tipo que fica melhor com sol, a infância veio e voltou, o riso e o choro se alternaram e a máquina do tempo esteve ali, comigo dentro.

Chegamos para o almoço, a porta aberta traz o sentimento bom de estar sendo esperada, só na casa dos pais sentimos isso, esta volta ao que sempre foi, mesmo já tendo percorrido tanto, transforma o momento presente em algo infinito, não há como explicar o passo a passo, voltamos aos cinco, aos dez, aos trinta e tudo se junta no abraço que permanece o mesmo 47 anos depois.

O almoço está delicioso, conversamos amenidades, meu marido e ele falam de futebol, do tempo, eu e a esposa dele trocamos receitas, tudo junto em conversas cruzadas, é assim mesmo, e todo mundo se entende.

Ficamos na mesa eu e meu pai falando sobre Deus, religiões, bíblia, internet, papo bom de entendimento, de algumas coisas discordo, outras deixo como estão e outras concordo plenamente, os minutos correram! Sim, apressou-se, tenho certeza!

Aviso que precisamos ir e ele busca um DVD de tangos, sabe que eu gosto, e fala:

- Para ti filha!

Voltei no tempo novamente, no dia em que ele e minha mãe dançavam um tango, na verdade ganharam um concurso, e a máquina fechou-se novamente comigo dentro! Outra vez a saudades arremessou sua flecha e me acertou em cheio! Fui mais corajosa desta vez, segurei o choro legal, quantos músculos serão necessários para isso? Devem ser muitos, por que doeram de verdade.

Respondi com um sorriso:

- Que lindo pai! Este eu não tenho, vou adorar com certeza! Obrigada!

Ele está sorrindo, talvez tenha lembrado este dia também, milésimos de segundos passaram e o abracei novamente, olho no olho seria difícil agora.
Despedimos-nos, agradeci o almoço, outro beijo e abraço e as recomendações de sempre:

- Boa viagem, não corre na estrada e liga quando chegar tá?

- Ta bom pai! Pode deixar!

Começo então a caminhada pelo corredor de saída.

- Filha!

Viro para trás e o vejo com um sorriso largo a estampar seu rosto.

- Foi muito bom conversar contigo!

Sorri também ao responder:

- Eu também adorei pai!

Apertei o botão imaginário da minha máquina, temos este poder, congelei esta frase com este sorriso,  acomodei o coração de mansinho, bem devagar, para apenas registrar o que foi sentido.

Aprendi algumas coisas de março para cá, e uma delas foi a de valorizar os momentos de afeto com toda minha força, entendi que quero tudo! Quero o olhar, a palavra o abraço e o DVD, quero o futuro e quero o agora, minha máquina do tempo tem um arco e uma flecha dentro, elas são minhas e as uso o quanto puder sempre que quiser.

O tempo é o senhor, é ele quem manda e apesar de viver o tempo como se ele fosse infinito, descobri que ele é infinito sim, mas apenas enquanto guardar o que amo, por que estarão sempre lá, descobri que o tempo é contraditório também, pois ele acaba quando queremos que ele fique!

Estamos na estrada novamente, a vida segue e é preciso fazer o caminho de volta.

Vivemos o tempo como se ele fosse infinito, e para mim certamente este momento, será!

Te  amo pai! (Apertei novamente o botão Congela, bem na parte do meu sorriso!)




Bendito o tempo e o infinito!

PS: Esta frase era de um poema falado em uma novela.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Gentileza gera...



Quase que dando continuidade ao post anterior, ando realmente me perguntando sobre qual nosso papel neste mundão de Deus!

Não escrevi semana passada, pois estive envolvida em um projeto que esteve e ainda está utilizando quase todos os meus neurônios até mesmo quando durmo, mas definitivamente está difícil não comentar algumas coisas que aparecem gritantes ao meu entender.

Alguns dias atrás houve em Curitiba a “marcha das vadias” comentei em uma rede social a incoerência deste protesto onde a mulher desfila nua para reivindicar respeito, acho isso contraditório, já que por definição de sociedade devemos respeitar as pessoas, caminhar nua com o corpo pintado para pedir respeito não parece atender este conceito mas...

Daí ligo a televisão e assisto um ditador dizimar seu povo, matando civis por que não quer sair do cargo vitalício de boa vida, ninguém consegue fazer nada por que dois países sempre votam contra qualquer tipo de sanção para dar fim a isso, e as pessoas continuam morrendo.

A policia mais do que nunca está matando primeiro para perguntar depois, foram-se deste mundo dois jovens em situações idênticas, assassinados pela policia.

Um jovem entra no cinema, atira e mata mais de dez pessoas, fere mais de cinqüenta e deixa no seu apartamento várias bombas prontas para explodir.

Nossos políticos então, nem vou comentar, que país para produzir corruptos! Que vergonha tenho disso!

Sério, estou me perguntando onde eu estava antes de 2012, por que não me lembro de ter presenciado nem sentido tantas variações emocionais como agora e já entendi que este é um sentimento comum pela reação das pessoas do post anterior, mas é também um movimento meu, interno, revolucionário e sem volta, será que este ano trouxe algum kit extra de percepções? Ou está tudo mesmo permeado de maldade, descontrole, as pessoas apertaram o “F” para o correto, para a gentileza para a educação. Que é isso?

A loucura está solta pelo mundo, e está forte, veio junto com a insanidade, na verdade acho que é uma gangue, do tipo:”Vamos acabar com tudo!” E estão por aí! Nas ruas, passando por nós pelas calçadas, comendo nos mesmos restaurantes, comprando nas mesmas lojas, podem ser até mesmo nossos vizinhos. Quem duvida?

O que aconteceu com as pessoas? Nosso ponto crítico ficou tão bombardeado de noticias tristes que estamos como o sapo dentro da panela que não percebe a água ferver, faz tempo que não vejo histórias bem contadas de alguém que superou algo difícil, de alguém que tenha resolvido algum problema comunitário ou que tenha feito algo bacana por outra pessoa, se alguém souber, por favor me conte!

Estou inconformada com isso, mas o que fazer? Os bandidos são muitos e são fortes, estão armados de canetas e revólveres e eu sou apenas uma! Apenas uma!!

Ou não!

Buscando um alento para as minhas lamentações (rsrsrs), lembrei de uma técnica que utilizo muito no consultório, que é assim: Quando o quadro vigente é muito amplo, muito intenso, sempre volto ao começo de tudo, busco informações do nascimento, infância, adolescência e esta viagem sempre me dá recursos para resolver algumas dificuldades do presente. E lembrei que sempre fui uma criança risonha (ai, que saudades de mim!)

É o que estou fazendo, comigo mesma e com os que me cercam, já explico.

Muitas vezes pequenas atitudes transformam o dia e a vida das pessoas, possivelmente uma pequena gentileza feita por você ao dar um “bom dia”, dar a vez no transito, surpreender um desconhecido com um elogio, dizer “obrigada” ao garçom, pequenos gestos, pequenas bondades, não só com os amigos, mas com o desconhecido mesmo, com aquele que você não conhece, com aquele que provavelmente nunca mais você vai ver.

Estes gestos tem poderes incríveis! Surpreendentes e geram uma cadeia inimaginável de respostas positivas, e é esta a nossa reação contra o mal!

É praticamente impossível alguém ficar indiferente a um sorriso, mesmo que não demonstre, ele sempre traz luz, sempre provoca um sentimento bom, atravessa facilmente qualquer barreira, isso deve ser uma escolha interna, uma escolha pessoal que vai sobressair a qualquer movimento emocional que esteja passando, é a lei da ação e reação. Ela existe, garanto!

Alguém já disse: “Para que o mal vença, basta que os bons não façam nada”.

Vou fazer a minha parte, isso não quer dizer que estou entrando em um surto de “Pollyana”, e nem que vou sair por aí dando abraços e sorrisos indiscriminados feito uma lelé, mas quer dizer que estou disposta a tentar alguma coisa para tirar esta murrinha de inconformismo que tanto tem me inquietado.

E então ta a fim?

Por que de uma coisa eu sei: “Gentileza gera...

Beijo carinhoso

Cris.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Será?

Cheguei a uma conclusão importante sobre mim, estou uma pessoa preguiçosa, achei que iria demorar um "tanto" mais para finalmente assumir este conceito, mas sim... Estou preguiçosa e muito.

Tenho observado meus comportamentos e graças a algumas conversas com uma amiga que também é psicóloga pude finalmente assumir para mim mesma que estou acometida de uma lentidão de pensamentos arrasadora e por vezes uma vontade inexistente de responder algumas perguntas ou de explicar algumas coisas, ela simplesmente não vem!

Pensei que inicialmente isso teria correspondência com o meu momento de luto, não descarto a possibilidade, é possível que após viver momentos como estes, as pessoas que são jogadas em um turbilhão de emoções que chegam aos montes, ficam mesmo sem vontade de discorrer sobre alguns assuntos, ou sobre vários, não sei ainda.

O fato é que minha mente e coração estão literalmente dormindo para alguns assuntos  do tipo: preconceito, noticias tristes da televisão, prepotência, raiva,  briga de vizinho, o canalha que sempre se dá bem, mentira, políticos corruptos, a chata da Carminha com raiva da Rita e a chata da Rita vingando-se da Carminha, gente cínica, gente que só pensa em se dar bem  e por aí vai...Não é que não me importe, mas sabe, creio que as opiniões que já dei a respeito estão boas, e não quero mais falar a respeito.

Esgotei meu tempo e paciência para estes assuntos, tirei férias destas opiniões, me demiti deste compromisso, e aqui vai minha admiração pelo meu pai, ele é jornalista e escreve em uma coluna para um jornal em SC, é ativo em suas opiniões, escreve sem medo, manda ver mesmo! Meu pai está jovem!


Estou precisando de calma, buscando coisas que ao invés de me deixar irritada me deixem simples, rindo sozinha, noticias que tragam conquistas, coisas que as pessoas entenderam, quero ver fotos de crianças e animais encontrados, de descobertas científicas, de uma dança bem executada, uma noticia boa sobre um amigo, situações e encontros ao “acaso” que deram certo só isso.

Estou pedindo muito? Talvez, mas sinceramente, sinto falta das noticias boas, de conversas inteligentes ou silêncios cheios de entendimento, sinto falta de tirar fotos quando estava sorrindo ou com os braços para cima em uma clara menção a Deus, sinto falta da gratidão, da mensagem no celular, sinto falta de encontrar com amigos pela rua e ficar numa rápida conversa, cadê tudo isso?

Quero a poesia do Quintana, o tango do Gardel e um dia de sol.

Há uma outra possibilidade a se pensar, talvez esteja mesmo ficando velha, apesar de não me sentir assim, mas alguns gostos também mudaram, hoje assisto ópera e até entendo o que está acontecendo, já aprendi a fazer  empadão , não me importo mais com as buzinas atrás de mim, encaro com simpatia os assovios  vindo das obras e tenho demorado mais nos abraços.


Concluo que a idade dá direitos, argumentos e aumenta o livro de receitas, concluo que as fotos e os programas de televisão são escolhas, e que a idade para mim está lapidando opiniões.

Estou de férias dos assuntos chatos, das tragédias e de pessoas falsas, de férias para quem me procura apenas quando precisa de algo, de férias para os antipáticos que nem dão “bom dia” no elevador, na verdade para estes estou invisível, e que permaneça assim, não quero contato.

Estou de férias por tempo indeterminado destes assuntos e pessoas que só chegam para desestabilizar e tirar de mim, mesmo que um pouco, a minha energia tão preciosa.

Pronto! Falei!

Acho que estou ficando velha e preguiçosa...Será?

domingo, 1 de julho de 2012

Você sabe com quem está falando?

Fonte: Google



Eu achei que esta pergunta era algo do tipo “lenda urbana”, mas sabe que não é? Ela existe mesmo!

Esta não é uma obra de ficção.

Sábado pela manha, aproveitando o dia lindo que estava por aqui acordei um pouco mais cedo do que o normal coloquei um jogging, amarrei o cabelo e fui  dar uma caminhada, incrível o que um dia de sol é capaz de inspirar em se tratando desta cidade!

Voltei satisfeita com a minha decisão matinal, percebi o adiantado da hora e ao invés de pilotar o fogão resolvi comprar comida em uma casa de massas e congelados da qual sou fã e assídua frequentadora, minha opção salva vidas nestas situações.

Há muitas facilidades nesta escolha, mas três são bem importantes: Fica bem perto da minha casa, as comidas de lá são deliciosas, e o estacionamento tem um recuo na calçada onde há quatro vagas para estacionar em diagonal, elas normalmente estão sempre ocupadas, para minha sorte havia apenas um carro apesar do lugar estar cheio.

Entrei ainda em dúvida do que comprar, circulei um pouco, escolhi, fui para o caixa, paguei e quando quis sair percebi um carro estacionado exatamente atrás do meu. Eu não entendi, pois havia duas vagas sobrando, mas para você entender: A manobra para estacionar resume-se em virar à esquerda e ficar entre os traços que demarcam a vaga. Simples assim!

Larguei a comida no banco e retornei para perguntar de quem era o carro, naturalmente esperando uma resposta do tipo: “É meu, desculpe!”.

Ao invés disso ouvi em tom alto e contrariado:

- É meu, por quê?

Ainda com um sorriso simpático, ia começar a falar que precisava sair quando me deparo com uma mulher de meia estatura, com idade entre os 45 e 50 anos, cabelo curto e laranja, vestindo uma blusa branca transparente e com o braço cheio de pulseiras barulhentas sacudindo a chave do carro enquanto levantava a mão.

Tirei o sorriso da cara e falei séria:

- Você pode tirar o carro para eu sair, por favor?

A resposta foi tão imediata quanto surpreendente:

- Não, mas você pode esperar até eu escolher e terminar de comprar meu almoço, quando eu sair você sai.

Pausa: Até poucos minutos atrás eu estava bem humorada, feliz com o lindo dia de sol, comprando um almoço delicioso, planejando uma tarde de encontro com amigas me deparo com alguém determinada a sair de casa para empacar o samba de outro alguém. E de quem era o samba? Meu claro!

Minha cabeça deu branco, sério! Demorei a contabilizar, estou de saída e preciso esperar alguém que acabou de chegar, que ainda vai escolher, embalar, entrar na fila do caixa para depois tirar o carro que está atrás do meu e então eu poder sair?

Sim era isso. Foi o que ouvi.

Mesmo assim tive dúvida, mas a postura prepotente desta senhora foi convincente. Acreditei nela.

As pessoas já estão virando para trás, os pacotes ficam suspensos à espera dos seus donos e neste momento o silencio já se mistura ao perfume extra forte inapropriado para a hora e local.

Entendi tudo! Atenção, é o que ela quer, certamente está triste, precisando de companhia um pouco de afeto sei lá! As pessoas encontram maneiras estranhas de pedir ajuda, e às vezes as coisas ficam esquisitas, vai saber!

Ou, é alguém prepotente, invasiva, inadequada, mimada, sem limites, típica de alguém perdido, sem contexto e com total falta de educação.
Ainda em dúvida pelo inusitado da situação respondi firme, mas educadamente:

 - Não!Eu não posso e não quero esperar você comprar suas coisas para poder sair, tem vaga aqui ao lado, tira o carro, por favor!

Estou na porta e neste momento ela já caminha em minha direção e faz uma pergunta:

- Você sabe com quem está falando? Por que você não faz uma manobra e sai?

Sim, como já disse, esta pergunta existe! E acabou de ser feita para mim, que incrível!

Pronto, já estou ciente do acontecido, acabaram-se as duvidas e a resposta é a segunda opção que acabei de citar.

Já de posse do meu controle e com sério risco do meu almoço esfriar, usei uma resposta que li em um e-mail bem conhecido.

- Não S E N H O R A! (esta parte falei bem devagar e sorrindo), não sei com quem estou falando, mas se precisar da minha ajuda, posso ligar para alguém que possa ajudar identifica-la, quer?

Alivio geral. Todos começam a rir, e o embaraço foi visto no rubor imediato que fez contraste com o cabelo laranja, quase tive pena, mas foi quase. Passou bem rapidinho.

Não tenho paciência com este tipo de comportamento.

Ela tirou o carro, voltou para comprar seu almoço e eu fui embora pensando.

“Tomara que alguém saiba a resposta da pergunta que ela me fez! Por que se não, o que ela vai dizer quando atender ao telefone e alguém perguntar: Quem está falando?”

Coisas da vida!