terça-feira, 15 de março de 2011

19 - A Esfinge de Gizé


As pirâmides, o passeio de camelo e a esfinge são todos muito perto um do outro, é passeio para uma manhã bem aproveitada.
Ao sair dos camelos Haissan nos encaminha para dentro da Van e logo começa a falar sobre a esfinge. É encantador estar nestes locais, lembro muito bem de quando estava na 8ª série e esperava para ouvir as aulas de história do mundo. Olhava as figuras nos livros, e sonhava.

Posso dizer que sou uma pessoa de muita sorte, muita mesmo! Minha lista de locais a visitar, feita naquela época, já está no lucro! Sonhar é preciso, e nisso sou boa investidora!

Mas como já falei antes, em nenhum lugar que visitei, senti tanta alegria como a que senti no Egito. É algo inexplicável. É preciso ir, estar lá! Se emocionar com a genialidade, com as histórias, com o berço da civilização! Voltei apaixonada pelo Egito!

Estar perto de construções magníficas como estas, é arrebatador!



Este gigantesco leão com rosto humano, talhado inteiramente na rocha, tem 21 metros de altura e 73 metros de largura.
Segundo o grego Heródoto, embaixo da Esfinge existe um templo rupestre conectado por meio de uma larga galeria com o “Lago” e a “Ilha” do sarcófago, escondidos nas vísceras da pedra que sustenta a pirâmide de Keóps.

O monumento foi descoberto e restaurado várias vezes, e outras tantas as areias do deserto voltaram a cobri-la. A restauração mais famosa foi a de Tutmosis IV, a quem, descansando um dia à sombra do colosso, lhe apareceu em sonho o deus da Esfinge, Harmakhis (“Hórus do horizonte”), que lhe incitou a empreender a piedosa tarefa de desenterrá-la, prometendo que se o fizesse, o tornaria rei do Egito, fato que aconteceu um tempo depois.

Entre as patas da Esfinge, há uma laje de granito onde está registrado o sonho de Tutmosis IV.

Ao observar o perfil da Esfinge se pode ver como o imponente e prestigioso monumento foi arruinado, como sempre, mais pelos homens do que pelo tempo: com efeito, os mamelucos exercitavam a pontaria tomando a cabeça da Esfinge por alvo desfigurando-a seguramente com uma bala de canhão.

O rosto tem cinco metros de altura e o nariz – onde resta apenas um pedaço- quase dois metros. A barba postiça, que lhe colocara Tutmosis IV, se conserva hoje no Museu do Cairo.


Após falar o básico sobre a esfinge, o Haissan disse que não poderia nos acompanhar todo o passeio, alegou ser proibido para os guias entrarem nos monumentos. Lamentei bastante, ainda insisti um pouco, mas ele disse que não poderia mesmo.

Marcamos um local de encontro na saída, e fomos eu e a Pri conhecer de perto a Esfinge.

Ao chegar lá, nos deparamos com vários guias acompanhando grupos, contando histórias, fazendo fotos, e caminhando sem problema algum dentro do complexo.

Bem, nem preciso dizer o quanto isso nos deixou chateadas! Combinei com a Pri, que ao sair daria um ultimato neste garoto...


Lamentavelmente, não pude entrar no Templo da Esfinge, o Haissan não avisou que deveria usar o mesmo ticket da pirâmide, e eu o havia deixado na van. 

 A Pri mais precavida estava com todos juntos. Lamentei de verdade! Lição aprendida!
 Mas ela fez fotos lindas por lá. Eu fiquei torrando no sol, observando os turistas entrando com seus guias no Templo e esperando...


                                                      Entrada do Templo da Esfinge


Terminada a visita, nos encaminhamos para a saída. Ao encontrar Haissan, pensava o que iria dizer para melhorar a qualidade das nossas visitas. Este lugar é longe, estamos realizando um sonho, e deparamos com um guia apressado, ansioso e definitivamente com preguiça de falar. Meu Deus!
 Além do mais as desculpas são sempre as mesmas, ou ele não pode acompanhar ou ele diz que precisa ir ao banheiro.

Ao mesmo tempo, penso sempre, que existem formas e formas de chamar a atenção de alguém. Não é preciso ser desagradável, nem grosseira, mas definitivamente era o momento de colocar as coisas em perspectiva, pela segunda vez!

Assim que ele se aproximou respirei fundo e com um ar sério e calmo perguntei:

-Haissan, por que foi mesmo que você não nos acompanhou neste passeio?

Ele respondeu:

- Por que não é permitido os guias acompanharem. Falou isso com um ar de riso displicente.

Neste momento precisei de controle, a Pri ao meu lado, dava um passo à frente e outro atrás. Imagine a careta que ela fez!

Ele estava mentindo com a cara mais deslavada do mundo!

Então fiz outra pergunta:

- Se não é permitido os guias acompanharem, como é que todos os grupos que estavam lá estavam com guias? Todos eles entraram sem problemas, circularam com os turistas, fizeram fotos, responderam perguntas, entraram no Templo. Como eles entraram?
Diga-me: Todos eles estavam desobedecendo às regras?

Ele disse:

- Sim estavam! Ainda rindo.

E prossegui falando:

- Este é um dos lugares mais visitados do mundo! Você acredita que fazer este passeio sem o acompanhamento de um guia é algo aceitável ainda mais para quem compra um tour privado? O que está acontecendo afinal? Você achou realmente que não iríamos perceber que você não quis nos acompanhar?

Neste momento ele percebeu meu tom sério e ficou sério também.  Sua feição mudou e os segundos pareciam horas!

Ele disse:

- Posso arriscar dizer que o Abdul não fez isso com vocês não é?

Bem, ele deu a deixa.

- Não, claro que não! Você tem razão! O Abdul foi um cavalheiro em todos os sentidos, não nos deixou sozinhas nem um momento! Acompanhou-nos em todos os passeios, e os passeios que fizemos o calor era de 45º!

Ele já havia manifestado certo ciúmes da forma que falávamos sobre o Abdul, dizia que ele havia nos dado mimos demais.

- Muito bem então! Acho que terei que mudar minha forma de fazer este trabalho, pois tenho duas garotas muito inteligentes para guiar.

A Pri me olhou com uma cara de quem ia pular no pescoço dele!

Respondi:

- Sim Haissan, você terá que mudar, para o seu bem, você terá que mudar! Ou mudamos nós!
E tenho que te dar razão! Você está sim com duas garotas muito inteligentes! Abdul percebeu isso no primeiro minuto em que nos viu! Você está muito atrasado!

Agora sim! Isso o deixou mais atento para o que estava acontecendo ali.

- Atrasados estaremos nós se eu não mantiver o horário para as visitas, são muitos lugares, vocês precisam andar mais rápido! Ele falou em tom ríspido.

Isso é injusto demais! Todos os prazos para as visitas foram respeitados, antes de ficarmos nos lugares combinávamos de 30 a 40 minutos em cada lugar. Cumprimos todos!

Tive que perguntar novamente.

-Haissan, quanto tempo tínhamos para esta visita?

- 40 minutos. Ele respondeu.

- Olhe no seu relógio e diga se o tempo foi respeitado.

Ele olhou e disse:

- Sim, foi.

- Então do que é que você está falando?

Sem resposta ele permaneceu calado, até que finalmente disse:
- Mas eu tenho que ficar apressando vocês o tempo todo! Isso cansa!

A fim de terminar esta conversa que já estava ficando desagradável para todos, em tom mais calmo falei:

- Haissan, você não precisa fazer isso, estamos sempre no horário, você está cansando à toa. Vamos combinar o seguinte: Faremos os passeios, você dirá o tempo e não ficará mais dizendo “Yala bina” a cada cinco segundos e todos ficam felizes ok?

- Ok. Ele falou.

Comecei a sorrir para quebrar o clima que estava fervendo!

Ele sorriu também! Mas um riso amarelo agora, o tipo de sorriso que se dá quando alguém pega numa mentira sabe?

Entramos na Van que estava estacionada.

Ainda bem que tudo ficou resolvido, espero que esta conversa tenha adiantado alguma coisa, pois ainda temos a tarde inteira de passeios.

Neste momento estamos indo para a Citadela, o ar condicionado dentro da Van é um bálsamo necessário, pois estávamos todos de miolos fervendo!

Nosso motorista o Ganso, estava de bem com a vida! Que bom! Arriscou um “Olá” em português quebrando o clima de “bronca” instalado na cara de todo mundo.

O caminho para lá é longo, dará tempo de conversar, ver as fotos e falar na língua do “i” que fui obrigada a ensinar para a Pri para que pudéssemos conversar em particular.

Haissan começou a mudança e, em menos de cinco minutos estava virado para trás conversando e falando sobre o lugar que estávamos indo. Sua voz estava normal, e seu discurso bem mais calmo, que bom... Pelo menos ele não é do tipo rancoroso!


Estamos todos mais aliviados com isso!

2 comentários:

Olívia Barros disse...

Me surpreendi lendo a minha lista de novo.
Mas sabe que quase nada mudou!
Um beijo grande

Unknown disse...

Cris

seu blog sempre esta lindo, vc é uma blogueira talentosa e nunca desista desse blog lindo !



saudades !!!


Renata Blotta