segunda-feira, 16 de maio de 2011

História Para Mamães

Às voltas com minhas arrumações por conta das obras na minha casa, foi inevitável mexer em armários, pastas e caixas,  e entre tantas coisas que julgava perdidas para sempre inclusive fotos e CDs deparei-me com uma pasta que por muito pouco não foi jogada fora por estar escrito: “Contas pagas de 2007”.
Coloquei para o lado a fim de espiar depois, no entanto voltei a pegar e pensei, por que depois? Vou olhar agora e já coloco fora de uma vez.

Para minha surpresa, (Maravilhosa!) encontrei o rascunho de uma das muitas histórias que escrevi para a comemoração do dia das mães na Anjinhos & Cia, minha escolinha. Este era um dos meus prazeres, atualmente esquecidos. Criar histórias para minhas crianças.
Certa vez inventei uma que ajudava na escovação dos dentes que eu mesma lembrava quando tinha que escovar os meus enquanto usava aparelho.

Ao pegar as folhas amareladas, comecei a ler e a lembrar o quanto este tempo da minha vida foi importante e lindo para mim.

É uma história para mães.

Aqui está!

                                            

“ Era uma vez uma criança bonita e alegre que andava pelos universos à procura de uma mulher que pudesse ser sua mamãe. Estava ela percorrendo lugares a escolher alguém que ela não sabia como descrever, mas que sabia sentir.
Tinha que ser uma mulher que soubesse um montão de coisas. Precisaria ser meiga, carinhosa e alguns talentos de adivinhação também.
Procurando ia esta criança andando de mundo em mundo, espiando e perguntando a quem encontrava:

- Você sabe onde está minha mamãe?

Infelizmente, ninguém sabia responder.  E logo retomavam seus passos apressados para algum lugar.
Apesar de entristecida, ela continuava a procurar, e por vezes se distraia deitada em alguma grama aquecendo-se ao sol, colhendo flores e brincando com os animais que sempre lhe proporcionaram acolhimento e carinho.
Observava como eles criavam seus filhotes e, por vezes pensava que poderia imitar alguns para ter uma mamãe. Mas não dava certo! Sempre faltava alguma coisa, trombas, antenas ou asas...



Algo que parecia fácil foi se tornando muito difícil, e o cansaço foi tomando conta do seu ser. Precisava de uma mamãe!
E ao continuar o seu caminho, ela por estar sozinha, começou a sentir uma tristeza profunda, e pela primeira vez chorou. Seu peito começou a doer como se algo estivesse cravado nele! Os passos ficaram lentos e sentia suas forças saindo aos poucos.

Buscou então uma árvore de copa muito grande e sentou-se um pouco para descançar. Acomodou-se entre as raízes e ficou tão pequenininha que quase não se podia vê-la. Ali, sentindo-se só chorou até adormecer.

Ao acordar, o céu sempre tão claro estava escuro, e então pela primeira vez sentiu medo. A única coisa que lhe dava conforto eram as raízes daquela árvore que como braços a seguravam com ternura e a aqueciam.



Falou então:
- Quando achar minha mamãe, desejo que ela tenha um abraço assim, forte e protetor, que me faça sentir calma e feliz!


Nesse instante uma estrela brilhou no céu e iluminou a noite escura!



E então ela adormeceu e num sono profundo começou a sonhar com uma grande luz a lhe chamar, era tão forte este chamado que mesmo sabendo que era um sonho ela levantou-se e começou a correr ao seu encontro.
Sentia uma felicidade imensa!  Sentia que sua busca havia terminado. E enquanto corria com todas as suas forças pensava:

- Se a minha mamãe for uma estrela não faz mal, pois sempre saberei onde ela estará.

Porém à medida que pensava estar se aproximando o brilho foi sumindo, e por mais que ela corresse não podia alcançar e então ela acordou.

Meio zonza ficou imaginando o que havia acontecido. Não tinha entendido nada. Mas uma coisa era certa. Não esqueceria jamais o brilho daquela luz nem os “braços” daquela árvore.

Continuou então caminhando.
Dias e noites se passaram até que certa vez encontrou uma aldeia onde só existiam mulheres, e feliz ela pensou:

- Aqui deve estar minha mamãe!

Ao entrar na aldeia todas as mulheres vieram vê-la! E todas a queriam para si! A pegavam no colo, faziam cócegas, arrumavam seu cabelo e ela estava sentindo –se finalmente acolhida e feliz.
Estranhamente, porém, sabia que sua mamãe não era nenhuma delas, dentro de si, alguma coisa lhe dizia que seria maravilhoso ficar por lá. Elas seriam mamães do coração, o que também era muito bom! E já sabia que muitos como ela já haviam escolhido mamães assim, e estavam muito felizes!

No entanto, mais animada, resolveu seguir em sua busca, pois sabia que poderia voltar para esta aldeia, caso não achasse a sua mamãe.

Quando estava indo embora ouviu um lamento profundo que chamou a sua atenção.
Sentada embaixo de uma grande árvore estava uma mulher solitária. Seu corpo havia se acomodado de forma que as raízes daquela árvore a envolvesse como braços; atônita, a criança parou para olhá-la e no mesmo instante seu coração começou a bater muito forte, pois por algum motivo entendia aquela dor.

A mulher com os olhos baixos lamentava a solidão, e desejava profundamente dedicar seu amor a alguém.

- Por que está chorando?  Será que posso ajudar? Perguntou a criança.

Neste momento o dia que estava nublado começou a se iluminar e ao levantar os olhos esta mulher tinha o brilho de uma luz intensa que imediatamente a criança reconheceu!



Elas ficaram assim, se olhando como que absorvendo cada uma a sua parte perdida. Acriança então olhando para ela falou:

- Como eu te procurei! Eu escolho a ti para chamar de Mãe, aceita me acolher em teus braços?

A mulher falou:

- Acolher em meus braços? Ela respondeu.
Te aceito para lhe dar a vida, sempre que for preciso, por toda a eternidade!

Neste momento, abraçaram-se tão forte que ninguém sabe como, mas acriança entrou para dentro dela a ali acomodou-se aconchegada e feliz dentro da mulher que escolheu como mãe!

Ninguém sabe explicar direito, pois, ninguém viu, mas depois de um tempo aquela mulher que era triste caminhava sorridente entre os mundos olhando o por do sol, os animais e as flores, até que sua hora chegou e uma criança nasceu linda e forte já com um sorriso no rosto!

Muita gente tentou, mas ninguém conseguiu explicar como que aquela mulher tinha conseguido depois de algum tempo fazer nascer uma criança com um brilho tão intenso!

Sem conseguir dar um nome a isso, simplesmente disseram:

Esta mulher DEU A LUZ!

E hoje cada vez que olhamos nossos filhos é bem verdade que reconhecemos neles o brilho em seus olhos, venham de onde vierem, de dentro de nós ou por outros caminhos, mas a verdade é que eles por algum motivo nos escolheram e nós por algum outro motivo também os escolhemos.

Esta é apenas uma história, mas bem que tem seu fundo de verdade não é?




Beijo com carinho
Cris.