terça-feira, 23 de novembro de 2010

5 - Chegando ao Cairo

Ahh! Chegamos!
 Tortas, com sono, cansadas, com tudo vencido, mas chegamos! Fomos avisadas pelo nosso agente que, quando chegássemos ao Cairo seria preciso comprar o visto de entrada no país.
 Esta compra é feita dentro do aeroporto, há um guichê na saída de vôos internacionais onde os turistas fazem a compra antes de passar pela imigração, aproveitamos também para trocar dinheiro pela moeda local.

À nossa espera está um rapaz magrinho de óculos com meu sobrenome escrito em uma folha de ofício faço um aceno para avisar que somos nós, e retorno para a imigração.
Agora vem o momento Plus!
 A cereja do bolo!
 Finalmente a Priscila vai mostrar o passaporte com a carteira de vacina!

Entramos na fila da imigração, que está lenta, olho para os dois guichês e fico pensando qual deles vai ter a honra de vistoriar o cartão.
Estou à frente da Pri, entrego meu passaporte, o policial olha, carimba o visto e me entrega. Não lembro se ele procurou meu cartão, na verdade, tô nem aí se olhou! Queria ver é se ele iria olhar o da Pri! Atrás de mim ela entrega o passaporte e fico esperando para ver o que acontece.  

Será que ele vai mesmo olhar? Será que todo o sufoco da saída vai valer à pena? Será que finalmente tudo que passamos vai ter uma redenção divina?
Bem que poderia haver um botão igual ao do DVD onde passamos as cenas bem devagar. Seria ótimo aproveitar este momento ao máximo possível, visto o que passamos para conseguir este cartão! Vou sugerir que a Priscila pinte e sublinhe as letras com canetinhas, que deixe ele bem colorido e bonitinho pra todo mundo olhar!

Ela dá um passo à frente, entrega o passaporte e...

Uhuuuuu!! Ele abriu direto na folha de vacina! SIM, SIM, SIM!!!... Ele olhou o cartão!! E carimbou o visto também. Realmente, sem a vacina ela não teria entrado!

Mas bem rapidinho, quase fiquei desapontada. Ele poderia ter ficado um tempo a mais admirando, poderia ter perguntado se tinha sido difícil de conseguir o cartão ou se a vacina tinha doído ou algo assim. Sei que é bizarro pensar isso, mas depois de tudo que esta carteira rendeu poderia ter tido um papel maior na finalização não é!

Tudo bem! Passamos pela imigração passaporte carimbado, agora somos oficialmente turistas no Egito.

Entramos no saguão...

Antes de contar a cena seguinte preciso confessar uma coisa: Um dia antes de viajar, fiz a manutenção das minhas mechas, minha cabeleireira a Kátia, trouxe um mega hair, me convenceu de que ficaria maravilhoso meu cabelo com mechas e com o tal aplique! Não sei como, mas a Kátia tem certo poder sobre mim, fiz também uma escova Marroquina pra deixar ele mais liso.

 Então: Pensa... A Pri é morena de cabelo preto, mas BEM preto, eu de cabelo loiro e liso, mas BEM loiro. A saída no saguão no aeroporto foi de arrasar quarteirão!

Estamos entrando no saguão do aeroporto e o povo não sabia para quem olhava, diz a Priscila que à medida que nós íamos caminhando o povo ia se virando. Na verdade não sabíamos se isso era bom ou ruim!

A primeira impressão que tivemos foi de alívio, finalmente terra firme, coisa boa.
 Mas no minuto seguinte as coisas começam a ficar estranhas, por que olhando para qualquer lado vemos muitos homens, a grande maioria, usando uma túnica comprida e olhando com uma expressão, que até agora não sei como descrever. Pareciam estar admirando, mas também estavam achando feio duas mulheres usando calças compridas, mostrando os cabelos e ainda por cima tendo um compatriota carregando as nossas malas.

Importante registrar que o Egito é um país de grande maioria muçulmana, as mulheres usam hijab.

Mostrar os cabelos e os contornos do corpo para eles é realmente fora de padrão, apesar de ser um país turístico, imagina-se que eles estejam acostumados, mas definitivamente eles não acham nada elegantes as nossas roupas e demonstram isso.
Disso eu já sabia, o que li à respeito era sobre ter muito cuidado com as vestimentas muito justas, decotadas ou transparentes.

Por outro lado, imagino que esta é uma ocasião em que eles aproveitam para encher os olhos também, então eu acho que ir para o aeroporto seja lá por qual o motivo, para eles é até um programa legal.
Entendam que, de forma alguma isso é uma crítica religiosa, em nenhum momento quero desrespeitar ninguém, essa é apenas uma impressão do que vimos, depois constatamos, eu e a Pri, que esta situação iria se repetir por todo nosso percurso pelo Egito.
 Existe mesmo uma grande dualidade no comportamento masculino deste país, hora eles admiram e hora eles rejeitam a forma “ocidental” de ser.

Entramos na van que nos espera e recebemos um pequeno bouquet de rosas cada uma. Realmente muito gentil!
 Está à nossa espera também o guia que irá nos acompanhar pelos passeios posteriormente e o motorista. Eles guardam as nossas malas e iniciamos o caminho para o hotel.

Já sabíamos que o hotel ficava perto das pirâmides, foi um pedido para o nosso agente, mas sinceramente nem lembrei isto enquanto estava no carro, queria simplesmente parar de sacudir, de carregar malas e ficar quieta.

O guia, eu acho que estava empolgado, muito feliz ou sei lá “O que” !
Ele Não parava de falar!
 Fazia perguntas, mostrava coisas e... Sinceramente? A voz dele quando entrava nos meus ouvidos tinha aquela distorção de LP quando fica numa rotação mais baixa sabe como é?
 Por vezes, eu tinha a sensação de que saía e voltava do meu corpo, meu espírito estava indeciso se continuava comigo ou se dormia.
 Por alguns momentos achei que meus pés tinham se descolado das minhas canelas com meias e tudo, aliás, penso que para tirá-las depois vou precisar de uma espátula.

E o cara não parava de falar.

A Priscila tem olhares muito interessantes, e num desses momentos me mandou um olhar que entendi como frase inteira tipo: Se este cara não calar a boca vou dar um soco nele!

Estamos então, seguindo para o hotel e o guia fala o seguinte:

- Olhem para a direita! Lá estão as pirâmides!

O pescoço virou bem lentamente. Em câmera lenta mesmo, estava bem difícil manter os reflexos operantes. Mas quando meus olhos viram aquela maravilha sob a luz do luar, e que a emoção desta visão arrepiou de cima abaixo, juro por Deus, acordei no mesmo instante! A Pri também.

Que beleza, que magnífico, que lindo! Puf! Agora sim... Acabou o ultimo recurso energético que nós tínhamos, e voltamos a ficar novamente quietas de olhar ao longe esperando o precioso momento de chegar.

Estacionamos em frente ao hotel, veio um cara com um daqueles espelhinhos que olham em baixo dos carros e quando saímos vimos o mesmo equipamento utilizado em aeroportos para detectar metais.
 Sim, estamos em um país que tem problemas com o terrorismo. Esta constatação foi incômoda.

Fizemos o check-in, e combinamos com o guia o horário de saída no dia seguinte, pois ele nos levaria para o aeroporto novamente onde faríamos o vôo para Aswan. É lá que começa o passeio propriamente dito, fomos para o quarto, largamos as malas, sentamos na cama e por um segundo tive um apagão daqueles que agente não sabe de onde saiu e nem pra onde vai.

Tudo bem! Preciso descolar as meias, tomar banho e dormir, estarei em linha reta em cima da cama e finalmente não vou precisar acordar quando meu pescoço cair.

 Amanhã é outro dia e vamos começar o Cruzeiro pelo Nilo.

Boa noite.


2 comentários:

Anônimo disse...

Ola.. so gostaria de corrigi-la voce disse que mulheres no Egito usam burka? Nao elas nao usam burka, usam hijab e tem uma minoria que usa niqab(deixa so os olhos a amostra).
E que nao usa e porque e solteira, isso nao procede,ok..
Muitas mulheres casadas nao usam niqab.. E tem muitas solteiras que usam... so queria exclarecer esses pontos..

Que bom que gostou do egito, eu moro no Cairo..

Fica na Paz..

Cris disse...

Que legal! Obrigada por me dar esta dica vou corrigir sim!E por falar nisso, sempre que puder me passar mais informações ficarei feliz!
Abço
Cris