sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Você está louca?



Por vários motivos preciso avisar que várias coisas mudaram por aqui, algumas ficaram ótimas, algumas ficaram horríveis e outras ainda não sei por que estão em período de teste.

Também não sei dizer quando começou, não sei quando irá acabar, e se pudesse andaria com aquela placa que se vê nas estradas: ”Devagar em obras” ou “Curva acentuada à esquerda”.
Cris com curva acentuada à esquerda!

Ano passado como em todos os anos da minha vida adulta, fiz a oração que sempre faço agradecendo tudo que recebi e finalizava dizendo: “Obrigada por termos chegado todos juntos ao final do ano”. Agora ainda não sei como fazer, na verdade eu nem sei o que fazer, vou pensar nisso depois, ou não vou pensar, quem sabe deixar que tudo tenha seu próprio rumo.

O que sei é que por causa da perda irreparável que vivi tive que olhar para outros lados e acabei percebendo que houve deslocamento de vários conceitos, idéias, e muitas coisas mudaram de lugar!

Precisei aprender e reaprender tantos comportamentos que ainda estou descobrindo como usá-los. Vieram todos sem manual, então, apesar de saber que estão aqui, estou testando aos poucos, tem muita coisa nova, mas outras que já estavam aqui estão com fôlego renovado e as coisas novas estão com garra de principiante, o que dá quase no mesmo.

 Outro dia me percebi invadida de tantos pensamentos desordenados que parei o que estava fazendo para dar atenção ao que estava se passando e ao terminar aquela invasão em disparada de sensações busquei a minha parte lógica de tudo pensei: Estou ficando louca!

Estranhamente ao invés de ficar preocupada, comecei a sorrir e a perceber o quanto aquilo me deixou livre naquele breve momento de viagem interna, quer saber? Adorei a sensação que isso me trouxe!
Voltei no tempo de estágio no Hospital Psiquiátrico para lembrar as feições dos que estavam lá, comecei a rir por que a minha expressão era exatamente a mesma, o olhar vago, uma expressão de sorriso e um caminhar lento e descompromissado.

Eu estava falando sozinha, dando reposta para uma pergunta hipotética, ao mesmo tempo rindo de algo que nem tinha acontecido ainda! E muito em seguida disso, já estava pensando em como tudo isso ficaria “se” eu respondesse aquela pergunta que não foi feita e planejando o que faria depois, por que isso mudaria muita coisa naquela relação. E se isso mudasse o que deveria fazer!

Alooou! Terra chamando! A pergunta não foi feita! (Oi?)

Nem ouso comentar quantas vezes fiz isso em um curto período de tempo com diversas situações.
 Já estava rindo sozinha, falando sozinha, atuando em situações imaginárias, respondendo a perguntas que não foram feitas, planejando ações sem necessidade e quase ligando para o meu médico pedindo para me internar!

Tenho um conceito terapêutico sobre a “loucura”, encontrados nos livros e no CID-10 (código internacional de doenças), bem detalhadas para os sintomas, modo de tratamento e prognóstico, o compêndio de psiquiatria também é muito bom para este estudo.

 Vou conceituar loucura do meu jeito, como sendo aquilo que foge do nosso comum e usual ok!

 Entendi que a loucura é a minha/nossa parte sadia, nos salva e por vezes por ser real nos coloca exatamente no ponto de partida para o novo, a loucura é deliciosamente descabelada, atrevida e desbocada, a loucura tem a petulância da verdade e corre sem medo para o que dá alegria, corre para o choro largado também, dá de dedo no malandro, não aceita preconceito e se alguém o chamar de louco vai dar risada e responder:

- Você acha?

Fonte: Google

Aiiin quero isso bastante! Ando sofrendo de saudades do meu sorriso que gargalha e sacode, ele se escondeu após o luto e ainda não voltou, quero ficar por mais alguns minutos maluquinha, lelé da cuca,  do jeitinho que estava naquela hora e talvez, isso eu tenha que aprender mais.

 A parte boa é descobrir que toda esta porção agora também é minha para experimentar.
 Tudo meu! Se para trazer meu sorriso de volta preciso ficar maluca ok, aceito! Não é interessante perceber que para buscar a sanidade tenhamos que conhecer a loucura? (Coisas para se pensar: Parte I)

E ainda tem isso! Comecei a querer encontrar respostas em tudo, e de verdade, estou sem paciência para um monte de coisas, pessoas e situações.

Estou com uma preguiça gigante da “chatice humana”, confesso que estou deliciosamente fora do ponto, se me provocar eu respondo, se eu abraçar dou rodopio e se estiver feliz vou chorar, se gritar comigo  vou revidar, se tentar me invadir vai ouvir um “passa fora” e se quiser sumir de mim vou sumir de você!

Que tal? Entenda isso como uma louca respeitando você ok? (Coisas para se pensar: Parte II)

Mas aviso aos familiares, amigos, vizinhos e pacientes: Fiquem tranquilos, minha parte focada, equilibrada, profissional e consciente ainda existe e está preservada, não vou abrir mão dela, na verdade preciso de tudo que ela me dá!

Caminhei, estudei, trabalhei e investi demais para estas conquistas e não vou abrir mão nem por um segundo da estrada que trilhei, vou apenas confessar que poderia ter ficado mais leve em várias etapas deste processo.

Sei lá o que aconteceu aqui, não sou minha terapeuta!

 Por certo que aproveitando este momento refleti que " esta louca" já existia! Só não tinha muita chance a coitada! Na verdade, já é meio estranho alguém que dança tango, faz aulas de mandarim, e come doce com salgado juntos.  Eu já era estranha! Será?! (Ui, medo!)

Por isso, decidi usar minha porção “maluquete “ por enquanto,  e por favor não estranhe se me encontrar cantando na frente do espelho, falando sozinha ou gesticulando como se estivesse com alguém, vou tentar sair do sério por que esta coisa de adulto está muito chata!

Talvez isso me ajude a como fazer minha oração de final de ano, até lá certeza que vou ouvir:

- Você esta louca?

E para esta pergunta vou responder:

- Sim estou louca e muito bem, obrigada!

Abraço,
Cris.