domingo, 27 de maio de 2012

Perdas e Ganhos



Penso que o que estou sentindo deve ser, junto com o amor, uma das coisas mais antigas da humanidade.

Estes sentimentos são gêmeos, moram juntos, quase um dentro do outro, e às vezes acho que sim!  São complementares, irmãos, são como o copo e a água um precisa do outro, conhecendo um conhecemos o outro.

Estão em harmonia e em um segundo instala-se o caos, e assim também é verdadeiro quando ao contrário. Alimentam-se, e ao mesmo tempo quando estão em nós fervilham de pensamentos nossa mente e coração.
Junto com o amor, o medo da perda vem no kit da sobrevivência, no mesmo pacotinho embalado a vácuo, quando um respira o outro se inspira e neste momento utilizamos outros sentimentos já adquiridos para sobreviver ao insistente vai e vem deste processo.

Perdi, há pouco tempo perdi feio, como nunca antes, desabei, comprimi e em algum lugar com algum equipamento invisível e poderoso alguma coisa me puxou para um lugar que não conheço, segurou com mão firme, me cobriu os olhos, tampou meus ouvidos e me permitiu apenas respirar.

Foi o que fiz, respirei. Apenas respirei.

O único lugar disponível para mobilidade foi para dentro, o único som que ouvi foram as batidas do meu coração e minha respiração e a única luz que lentamente foi surgindo foi da fé, única luz, única!

Em alguns segundos, abriu-se entre nós um universo completo, inteiro, com sóis e galáxias, uma viagem apenas para um, um bilhete, apenas um lugar, apenas um passaporte e bagagem nenhuma, nem roupa, nem bolsa, nem perfume.

E você foi, apenas foi. Embarcou sozinha, não levou nada, respirou forte, acho que para tomar impulso, e foi.

E o universo se fechou, fechou a porta, desintegrou, desapareceu e eu fiquei, chamando, chamando, chamando.

Antes de tudo veio o amor, que é fonte de tudo o que existe, antes de tudo veio o sopro, antes de tudo veio a luz, e acima de tudo está DEUS que é todas estas coisas, desta forma antes de tudo veio Ele.

O que veio antes de tudo então?

Esta sou eu, ouvindo o silencio de olhos vendados.

Mas depois de tudo, veio você mãe, depois de você eu vim e depois de mim veio a Vanise, foi quando percebi que lá onde eu estava ela respirava ao meu lado, também apenas respirava.

E entendi que antes de tudo vem o amor, ele chega primeiro, o medo vem depois, bem depois, escolhemos qual abrir primeiro quando pegamos o pacotinho, é o tal do livre arbítrio.

Perdas são perdas, não há o que explicar, é algo que vai embora, some do seu olhar, da sua presença para lugar desconhecido, sem mapa, sem som, nem toque, nem riso, nem sonho. E eu perdi. Isso eu perdi, nunca mais o abraço, nunca mais o beijo, nunca mais você aqui, nunca mais eu com você assim.

Este é o medo.

Ganhos são ganhos, não há o que explicar, é algo que chega, aparece na sua frente de lugar desconhecido, nem sempre com mapa, mas sempre com caminhos, com possibilidades, entendimentos, você compartilha, divide, multiplica, enriquece, ilumina e inspira.

Este é o amor.

Com ele veio você, eu e a Vanise



Comigo veio o Victor.



Com a Vanise veio a Mariana e o João Pedro.



Como disse antes, o amor e o medo da perda vivem juntos, mas agora eu sei mãe, o medo não poderá ser mais forte do que o amor, o meu medo perde força por que é sozinho, perde impulso por que não tem ar, fica cego por que dei a minha venda para ele, segurei na mão da minha irmã, respiramos juntas agora e assim o medo perdeu! O amor vence mãe! Por que este sim, este...É infinito!



2 comentários:

Anônimo disse...

lindo mesmo Cris, muito belo e profundo. Adorei

Anônimo disse...

Lindo mesmo Cris, muito belo e profundo. Adorei.
bjs
Ronaldo Blotta