Fonte: Google |
Sim, já ouvi
esta pergunta que foi acompanhada de um comentário dizendo que a depressão é a
folga do malandro.
Sempre lamento
quando escuto estas coisas, principalmente por que já faz tantos anos que ela
foi descoberta, já existem tantas técnicas efetivas para tratá-la, estudos,
pesquisas, publicações em revistas científicas, pessoas realmente comprometidas
e habilitadas para o tratamento da depressão, que me parece inacreditável
encontrar ainda este tipo de pensamento.
No entanto, apesar
de lamentar, procuro trocar de
lugar com quem pensa assim e me descubro sem a obrigação de aceitar que ela
exista, na verdade quando troco de lugar, sempre encontro o processo de negação
atuando, arrisco dizer, que normalmente quem nega emoção para si mesmo, é por
que sofre com o medo de perceber-se e aceitar-se deprimido.
A depressão por
perda ou luto, a depressão pós parto ou a depressão por algum acidente ou
trauma todos conhecem e identificam facilmente não é? Claro! Ela tem algo como
um cartão de identidade como passe livre! É como se fosse permitido senti-la
afinal de contas...
Mas e a
depressão que vem sem este cartão? Como identificamos?
Vamos lá! Sem a
utilização de termos técnicos vou tentar por exemplos bem simples descrever a
depressão para que finalmente ela tenha uma aparência reconhecível e
identificável.
Todos nós já
passamos por momentos tristes com certeza, ela pode chegar por vários motivos,
seja por situações familiares, profissionais ou sociais, ela vem e em seguida
identificamos por que percebemos as mudanças emocionais que sentimos certo?
Ficamos tristes, identificamos e logo em seguida produzimos ações que nos
deixem mais alegres e ás vezes ao final do dia aquela tristeza já foi embora.
Isso é tristeza, pode durar um dia ou uma semana dependendo de pessoa para
pessoa.
Digamos que
esta tristeza ao invés de ir embora tenha ficado lá, apenas um pouquinho mais
conformada pelas tentativas de fazê-la sumir, a pessoa busca ações que a
distraiam deste incômodo emocional que insiste em reaparecer, então já se
passaram quatro semanas, oito semanas e a pessoa ainda está “triste” com aquela
situação, antes de dormir pensa, ao acordar pensa de novo, na metade do dia o
pensamento novamente invade, o humor já está alterado e a paciência com
situações rotineiras está quase à zero, as ações que antes davam prazer agora
mais parecem uma tortura e os eventos sociais começam a ser adiados.
O sono foi para
onde o Judas perdeu as meias e nunca mais apareceu (insônia) ou a cama parece ter
um imã que não deixa levantar e a pessoa dorme, dorme muito, está sempre com
sono (letargia).
Ok! Este é o
alerta que devemos considerar para que uma ação terapêutica entre nesta rotina,
já não estamos mais falando em tristeza e sim em depressão.
Parece algo tão
sem importância não é? Pensamos que logo vai passar ou que é apenas uma fase
ruim, e na verdade é uma fase bem ruim! Toda a química do corpo já se alterou, e
as relações pessoais também e ainda assim achamos que já vai passar.
A depressão
atualmente, de acordo com a revista Contato de publicação bimestral do Conselho
Regional de Psicologia do Paraná, já é uma crise global. “Segundo os dados
levantados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), atualmente, a depressão
atinge cerca de 350 milhões de pessoas, de todas as classes sociais e de todas
as idades.” Pág. 16 - Ano 14 – Edição nº 84 Nov/Dez 2012.
Certo! Você pode
dizer, me identifiquei com todos os sintomas, o que é para fazer então!
Buscar ajuda,
procure um profissional da área, existem várias formas de tratamento
disponíveis, e posso garantir que o quanto antes você for muito antes estará
melhor!
A depressão é
silenciosa, muito parecida com a pressão alta, sente algo um dia, outro dia
também, mas não dá importância, e esta “tristeza” tem o mesmo “modus” operante,
vai agindo devagar, nosso aparelho psíquico é incrivelmente poderoso e cheio de
movimentos que por várias vezes nos surpreende e tal qual nosso corpo físico,
necessita de manutenção e atenção!
Tudo,
absolutamente tudo o que pensamos nosso inconsciente toma para si e trata de
realizar, ás vezes demora anos, décadas e outras vezes apenas alguns dias, portanto, ter uma boa leitura de você mesmo, aprender a reconhecer-se,
exteriorizar o que sente, falar suas necessidades é um ótimo aprendizado para a
melhoria da sua qualidade de vida.
Um profissional
da saúde irá com certeza determinar em que grau a depressão está, sim por que
ela evolui continuamente para quadros que variam de intensidade e duração,
desta forma, caso seja necessário, uma medicação será indicada, bem como um
tratamento psicoterápico.
Com um exemplo
bem simples e figurado vou tentar demonstrar o que seria um tratamento
psicoterápico.
Imagine ser você
uma correntinha guardada num imenso porta jóias cheio de divisões denominadas
como: Família,maternidade, paternidade, relações pessoais (namoro, casamento,
sexualidade), trabalho, amigos etc. E você tendo que atuar em todos os
compartimentos deste porta jóias durante seu dia.
Em algum momento
de tanto ter que ir de um lugar para outro acontece um nó, daqui a pouco outro e
outro nó, concorda que a correntinha vai ficando sem tamanho para poder estar
em todos os lugares de forma completa? Você tem a consciência que está inteiro,
mas simplesmente não consegue mais atuar como fazia antes.
Buscar a
terapia é como buscar um especialista em correntinhas com nós, o terapeuta não
irá desamarrá-los, mas ele irá junto com você descobri quais as voltas que
precisam ser feitas para que o nó se desfaça, o terapeuta irá olhar junto com você
qual nó é prioridade e qual pode esperar um pouco.
Existem várias
técnicas psicoterápicas disponíveis para tratar a depressão, nosso corpo
emocional existe tanto quanto nosso corpo físico, nossas emoções ou a
dificuldade em lidar com elas determinam nossa inserção no contexto em que vivemos
e buscar entendimento e auxílio nos dá a certeza de que estamos sim buscando
cura!
E não é isso
que você faz quando a sua pressão está alta?
Existe pressão
alta no “coração” sabia? O nome dela é “depressão”!
E ainda me
perguntam: Depressão existe?
Sem trocar de
lugar agora eu respondo: Sim existe e tem cura!
Abraço
carinhoso
Cris.
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